I SÉRIE — NÚMERO 11
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assim, foram congeladas. Mas foi o atual Governo que aumentou estas pensões em 4,2%, ou seja, em mais
140 €.
Sr. Deputado Vieira da Silva, é ainda curioso que o Partido Socialista se mostre escandalizado com a
introdução da condição de recursos nas pensões não contributivas. Ou seja, para os socialistas é preferível
colocar sob condição de recursos quem recebe 227 € do que quem recebe mais de 2000 €.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Que disparate!
O Sr. Carlos Santos Silva (PSD): — Sr. Deputado Vieira da Silva, estaremos do lado de quem mais
precisa, estaremos do lado de Portugal!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, a Mesa não regista mais inscrições, pelo que peço às bancadas que
pretendam intervir o favor de inscreverem os respetivos Deputados.
Pausa.
Não há inscrições, Srs. Deputados, e não havendo inscrições…
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr.ª Presidente, peço desculpa, mas pretendo usar da palavra para uma
intervenção.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: A presente
proposta de lei, que o PSD e o CDS se preparam para aprovar, é um assalto aos reformados e pensionistas
da Administração Pública deste País.
O Governo não usa uma arma de fogo ou, sequer, uma faca, mas usa uma lei para tirar aos reformados e
pensionistas do nosso País algo que não lhe pertence.
A verdade é que o Governo PSD/CDS quer cortar nas atuais e futuras reformas dos trabalhadores da
Administração Pública, que descontaram todos os meses para o direito a uma reforma digna.
Alterar a fórmula de cálculo das reformas para cortar 10% nas futuras reformas e 10% nas reformas
superiores a 600 € que já estão a ser pagas, ou seja, retroativamente, é uma imoralidade, é indecente, é um
roubo.
Com a presente proposta de lei, PSD e CDS estão a violar um contrato de uma vida inteira de trabalho e
descontos. Estão a violar a segurança e a confiança depositadas no Estado por milhares de trabalhadores.
Assim, não temos qualquer dúvida em afirmar que a presente proposta de lei viola, de forma grosseira, a
Constituição da República Portuguesa.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Importa também lembrar que o Governo violou a Constituição ao não
respeitar o direito à negociação coletiva suplementar, enviando este diploma para a Assembleia da República
antes de fechar o processo de negociação com os sindicatos.
Além de cortar nas reformas a partir dos 600 €, o Governo PSD/CDS corta também nas pensões de
sobrevivência pagas pela Caixa Geral de Aposentações, não a partir dos 2000 €, anunciados pelo Vice-
Primeiro-Ministro, Paulo Portas, mas, sim, a partir dos 419 €.
O Sr. João Oliveira (PCP): — É uma vergonha!