O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 14

30

O Sr. Miguel Freitas (PS): — Não é verdade!

O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — A questão dos incêndios florestais tem a ver sobretudo com a

responsabilidade pela forma como está feita ou não a operacionalidade dos meios, das pessoas e do

planeamento. Portanto, não se trata de haver um responsável político para determinar esta matéria.

Sr. Ministro, gostaria de deixar algumas notas.

Sabemos que as condições climatéricas não são, efetivamente, o principal problema dos incêndios

florestais (contribuem para ele e, depois, são muitas vezes consequência). O principal problema dos incêndios

florestais é a mão humana, seja por negligência seja por incendiarismo.

Prova disso é o excessivo número de incêndios florestais que começam durante a noite — e, durante a

noite, não ocorrem, seguramente, por causas naturais, mas por causa humana. Porém, a severidade

meteorológica tem também, depois, uma consequência, que é esta: se alguém fizer uma ignição numa mata,

numa floresta, e se houver condições meteorológicas favoráveis à progressão do incêndio, evidentemente que

isso acontece, e este ano foi o caso.

Sr. Ministro, gostaria de lhe pedir, primeiro, se nos pode informar sobre o total de ocorrências no que

concerne ao número de ignições.

Depois, face ao número de ignições e face à área ardida que tivemos, para fazermos um debate o mais

sério possível, gostaria que o Sr. Ministro nos dissesse também qual foi o número de detidos por parte das

forças de segurança durante o período de fogos florestais. É que esta é uma matéria que também teremos de

debater.

Gostaria, pois, que nos pudesse dar aqui esses números.

Aplausos do CDS-PP e do PSD.

A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra o Sr. Ministro da Administração Interna.

O Sr. Ministro da Administração Interna: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Abel Baptista, vou dar os

números, salientando o seguinte: até à apresentação da avaliação, todos estes números são provisórios, na

medida em que carecem dessa avaliação final. Portanto, vou dar os números com esta salvaguarda, como,

aliás, é habitual.

No total do ano, tivemos, até agora, 18 869 ocorrências, o que significou, em números redondos, 140 000

ha de área ardida — este é o último número, já afinado depois da minha vinda à última reunião da Comissão,

onde discutimos esta matéria. Só na fase Charlie, portanto, na fase mais crítica dos incêndios, tivemos 15 002

ocorrências, o que significou, em área ardida, 130 640 ha. No período mais complicado da fase Charlie,

portanto de 15 de agosto a 3 de setembro, tivemos 4657 ocorrências, que totalizaram 63 373 ha de área

ardida.

Se quisermos ver estes dados de outra forma, dou conta do seguinte: no mês de agosto, houve 72 284 ha

de área ardida, portanto 77% do total da área ardida, e com cerca de 52% do total das ocorrências verificadas

durante todo o ano.

Sr. Deputado, relativamente aos números de que dispomos neste momento — números provisórios, insisto

—, este é o retrato muito aproximado da situação que vivemos. Mas, Sr. Deputado, em alguns daqueles dias,

como por exemplo no incêndio do Caramulo, houve coisas espantosas ou, melhor, assustadoramente

espantosas, como esta: num dos incêndios — houve mais do que um incêndio naquela zona do Caramulo —,

entre as 2 horas e as 7 horas da manhã, o incêndio progrediu à velocidade média de 2 km/hora. Tal significa a

tal «tempestade perfeita» de que ouvimos falar os entendidos sobre esta matéria e que consiste no seguinte:

condições climatéricas com vento acima de 30 km/hora, temperatura acima de 30º e humidade abaixo de 30%

originam essa propagação nestes termos. Aliás, vimos isso nas reportagens da comunicação social, com os

populares, muitas vezes, a dizer «nós nunca vimos uma coisa como esta», referindo-se à progressão

galopante que alguns daqueles incêndios tinham, o que era verdadeiramente assustador.

Quanto à outra pergunta que colocou, Sr. Deputado, já tinha dado resposta, mas vou dá-la novamente,

com todo o gosto.