22 DE NOVEMBRO DE 2013
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acerca do relatório sobre a remuneração de gestores do sector empresarial do Estado; artigo 59.º — Redução
de trabalhadores no setor público empresarial; artigo 60.º — Gastos operacionais das empresas públicas; e
artigo 61.º — Redução de trabalhadores nas autarquias locais, relativamente ao qual temos o pedido de
palavra da Sr.ª Deputada Helena Pinto.
Tem a palava, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, os artigos do Orçamento do
Estado que impõem redução de trabalhadores na administração pública são uma grosseira violação da
autonomia das autarquias e significam menos emprego e menos serviços públicos.
Trata-se de uma redução que corta a eito num setor que desde 2010 já perdeu 15 000 trabalhadores.
A emenda que o PSD e o CDS apresentam para discussão nada resolve — aliás, discrimina trabalhadores
e populações por uma situação que não é da sua responsabilidade: a dívida das câmaras!! Esta medida é
completamente inadmissível, Sr. Secretário de Estado, e deve ser retirada do Orçamento do Estado!
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra o Sr. Deputado Adriano Rafael Moreira.
O Sr. Adriano Rafael Moreira (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: O
artigo 61.º traz-nos aqui o reflexo do compromisso assumido no Memorando de Entendimento de imposição de
redução de 2% dos trabalhadores na administração local — é isto que nos traz o artigo 61.º!
A proposta do PSD e do CDS visa premiar as autarquias que têm cumprido com essa obrigação; assim,
fixa três requisitos cumulativos, premiando todas as autarquias que tenham cumprido com a redução de
pessoal nos últimos três anos, que tenham cumprido com os limites do endividamento e que tenham honrado
os seus compromissos com os fornecedores.
Cumpridos estes compromissos ficam as autarquias libertas da redução dos 2%, sendo que o artigo 62.º
penaliza os incumpridores, aumentando o limite para os 3%.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Premeia-se o mérito!
O Sr. Adriano Rafael Moreira (PSD): — Este é o esclarecimento e por isso a proposta do PSD e CDS é
meritória e merece o acolhimento da Câmara.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente e Srs. Deputados: O Governo, na linha dos
orçamentos anteriores, continua a olhar para as autarquias locais como se estivéssemos a falar de
administração indireta do Estado.
Este Governo recusa-se a aceitar a imposição constitucional que eleva as autarquias locais para um
patamar diferente do da administração indireta do Estado e seria bom que o Governo tivesse presente o facto
de que quando falamos de autarquias locais estamos a falar da administração autónoma e não da
administração indireta do Estado.
Mas o que é verdade é que o Governo insiste em confundir realidades diferentes pretende, mais uma vez,
proceder a uma verdadeira subordinação do poder local ao poder central e fá-lo neste artigo 61.º mas também
nos artigos 62.º, 63.º e 64.º da proposta de lei.
Estamos a falar de intromissões completamente inadmissíveis na autonomia do poder local que vão, para
além de tudo, criar dificuldades na gestão aos próprios municípios com o despedimento de mais uns milhares
de trabalhadores.
Por isso, seria oportuno lembrar que a autonomia do poder local é um dos princípios constitucionais
fundamentais no que respeita à organização administrativa do Estado.