23 DE NOVEMBRO DE 2013
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O Sr. JoséLuísFerreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Adriano Rafael Moreira, é uma
pena que o PSD esteja de acordo com a nossa proposta e que não a acompanhe. É uma pena, de facto.
A Sr.ª HeloísaApolónia (Os Verdes): — Muito bem.
O Sr. JoséLuísFerreira (Os Verdes): — O que Os Verdes fazem, de facto, é uma proposta de alteração à
redação deste artigo 144.º, que é relativo ao Fundo Português de Carbono, essa proposta não implica
qualquer aumento da verba inscrita nos ativos financeiros no orçamento desse fundo. O que propomos é uma
coisa substancialmente diferente, propomos que, pelo menos, 60% da verba que o Governo inscreve nesse
Fundo seja destinada a medidas internas que estão previstas, aliás, no Decreto-Lei n.º 71/2006 e que visam o
cumprimento dos compromissos que Portugal assumiu no âmbito do Protocolo de Quioto, e, portanto, no
âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas.
Dito de outra forma, o que propomos é que, pelo menos, uma parte da verba proposta pelo Governo seja
consumida não na compra de emissões mas, sim, no investimento em medidas internas que possam promover
a nossa eficiência no combate às alterações climáticas. E, Sr. Deputado, deixe-me dizer-lhe que se, de facto,
estamos a melhorar é porque a atividade económica também está a diminuir.
Numa altura em que decorre a conferência sobre as Alterações Climáticas em Varsóvia, seria importante
que os partidos da maioria aprovassem esta proposta, porque seria dado um importante sinal da
disponibilidade de Portugal para os compromissos assumidos internacionalmente.
Propomos, assim, um investimento onde ele é necessário, onde todos sabemos que faz falta, ou seja, no
setor dos transportes, onde, como se sabe, se tem vindo a registar uma subida muito grande no que diz
respeito à emissão de gases com efeito de estufa. Estamos a falar de um setor que mais tem vindo a
aumentar em termos de emissão de gases com efeitos de estufa e que, certamente, se vai agravar com aquilo
que o Governo pretende continuar a fazer com as empresas públicas de transporte, empurrando cada vez
mais as pessoas para a utilização da viatura individual.
Portanto, esta proposta não pretende aumentar despesa, é apenas uma orientação, um caminho para a
forma como o Governo pretende consumir esta verba, porque a questão é a seguinte: ou compramos cotas de
emissão de gases com efeito de estufa ou investimos em medidas internas que possam dispensar o recurso à
compra dessas cotas. Só há dois caminhos, e a nós parece-nos que a segunda opção, a do investimento em
medidas internas, é incomparavelmente mais vantajosa, mais sensata e mais correta do que o recurso à
compra de emissões, tanto ao nível económico como ao nível ambiental. E registamos, lamentando, que o
PSD esteja de acordo, mas que vote contra a nossa proposta.
A Sr.ª HeloísaApolónia (Os Verdes): — Muito bem!
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Tem, agora, a palavra, o Sr. Secretário de Estado do Ambiente.
O Sr. SecretáriodeEstadodoAmbiente (Paulo Lemos): — Sr. Presidente e Srs. Deputados, muito
obrigado pela questão que foi colocada.
De facto, o Fundo de Carbono tem desempenhado um papel importante no combate às alterações
climáticas e tem contribuído efetivamente para que Portugal tenha os bons níveis e a consagração que tem a
nível internacional, em termos de políticas climáticas. Já foram investidos vários milhões, quer internamente,
quer, por exemplo, nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, onde foram investidos cerca de 14
milhões em projetos de melhoramento e de redução de emissões nesses países e muitas vezes com
tecnologia portuguesa.
Relativamente à questão colocada pelo Grupo Parlamentar do Partido Ecologista «Os Verdes», lembro que
há o diploma recente, o Decreto-Lei n.º 252/2012, que estabelece as regras em que se deve aplicar as
receitas dos leilões e as percentagens dessas receitas. Uma boa parte das receitas dos leilões, 40%, pode ser
utilizada, de facto, no financiamento da política de mitigação das alterações climáticas, mas também no
financiamento de projetos de investigação científica, e estamos já correntemente a apoiar alguns projetos
inovadores, sendo um deles o WindFloat, que é um projeto nacional com grande potencial, quer a nível
interno, quer em termos de exportação. Podem também ser utilizadas em ações de adaptação, que são