O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

5 DE DEZEMBRO DE 2013

29

Há poucos dias, o Governo, pela voz do Ministro Aguiar Branco, com total insensibilidade, decidiu que

serão extintos os Estaleiros Navais de Viana do Castelo e, esbanjando 30 milhões de euros, despedidos, de

forma imediata e injusta, a totalidade dos seus 600 trabalhadores.

Resultado catastrófico, incompetente e prejudicial para a opção estratégica de fazer do mar um lugar de

futuro para Portugal.

Sr.ª Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: A extinção, decidida por este Governo, dos Estaleiros Navais de

Viana do Castelo constitui uma afronta à história, à cultura e à identidade do País e, em particular, da região

do Alto Minho.

O Sr. Luís Menezes (PSD): — Tenha vergonha! Se tivesse vergonha, não falava disso!

O Sr. Jorge Fão (PS): — Constitui um rude golpe na Estratégia Nacional para o Mar e no futuro da

denomina «economia azul». Constitui, Sr.as

e Srs. Deputados, um revés na justificação para o alargamento da

nossa plataforma continental.

Sr.ª Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: Ainda estamos a tempo de corrigir este erro. O PS considera que é

necessário evitar esta grave decisão de empobrecimento e atentado contra o interesse nacional e contra a

estratégia de afirmação de Portugal no mar.

Aplausos do PS.

A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — A Mesa regista cinco inscrições para pedidos de esclarecimento ao

Sr. Deputado Jorge Fão, a saber, de Os Verdes, do PSD, do Bloco de Esquerda, do PCP e do CDS-PP.

Em primeiro lugar, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.

O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Jorge Fão, queria começar por

saudá-lo por trazer este assunto à discussão, porque, de facto, a gestão do processo dos Estaleiros Navais de

Viana do Castelo é o exemplo claro da forma como este Governo encara o interesse público — o interesse

público esteve completamente ausente neste processo.

Mas o caso dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo também nos mostra o empenho deste Governo em

promover a nossa economia e em combater o desemprego: são mais de 600 trabalhadores que o Governo vai

enviar diretamente para o desemprego. É uma prenda de Natal que o Governo quer dar às 600 famílias

envolvidas e também à região de Viana do Castelo… É que, sejamos claros, não há qualquer compromisso

por parte da empresa que ficou com a subconcessão quanto a uma eventual reintegração dos trabalhadores

dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo que o Governo quer despedir.

Mas há ainda neste processo um elemento que ganha contornos, no mínimo, duvidosos e

incompreensíveis: o Governo diz que não tem dinheiro para que os Estaleiros possam comprar a matéria-

prima, nomeadamente o aço, para dar resposta às encomendas feitas, sobretudo à encomenda dos dois

navios asfalteiros feita pela Venezuela, mas para despedir 600 trabalhadores o Governo já tem dinheiro!

Quer dizer, para produzir não há dinheiro, mas para despedir o dinheiro aparece sempre!… E despedir os

trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo não custa apenas 30 milhões de euros, é preciso

contabilizar também os custos com o pagamento do subsídio de desemprego a 620 pessoas. Portanto, feitas

as contas, é preciso somar a esses 30 milhões de euros mais 8,5 milhões de euros referentes aos subsídios

de desemprego. Mas é preciso também ter em conta que esses trabalhadores deixam de contribuir para a

segurança social e ter presente que o Estado ainda perde terrenos, equipamentos, infraestruturas e até fundos

comunitários para os privados. São só bons negócios para o Estado!?…

Sr. Deputado, o Governo diz que se trata de uma imposição da Comissão Europeia, mas parece que não é

bem assim, parece que a Comissão Europeia não decidiu nada sobre esta matéria.

Gostaria de saber se o Sr. Deputado tem algum conhecimento formal de alguma decisão da Comissão

Europeia que obrigue ao despedimento dos mais de 600 trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do

Castelo.

A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Muito obrigada, Sr. Deputado, por ter respeitado o tempo.