O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 23

30

Srs. Deputados, a Mesa faz um apelo para que, tendo em conta o adiantado da hora, sejam respeitados os

tempos.

Tem, agora, a palavra o Sr. Deputado Carlos Abreu Amorim para formular o seu pedido de esclarecimento.

O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Jorge Fão, hoje de manhã, na

Comissão de Defesa Nacional, o Sr. Ministro da Defesa Nacional fez um apelo para que neste debate existisse

algum pudor. Pelos vistos, a falta de memória ou, melhor dizendo, a memória seletiva que V. Ex.ª manifestou

na sua intervenção acabou por tornar inútil, pelo menos para já, este apelo do Sr. Ministro da Defesa.

Deixe-me dizer-lhe, Sr. Deputado, que há algo que me espanta, não apenas nesta sua intervenção mas em

muitas outras que, infelizmente, temos ouvido nestes últimos tempos.

A responsabilidade sobre a situação dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo tem de ser partilhada por

todos, nomeadamente por aqueles que tiveram responsabilidades governativas nos últimos anos e por

aqueles que nomearam administrações, muitas das quais tomaram decisões absolutamente ruinosas, que não

tiveram em conta os destinos daquela unidade empresarial e muito menos o destino dos trabalhadores que lá

estão.

Ora, aquilo que é curioso, e me causa uma enorme perplexidade, é não ouvirmos, nem da parte do Sr.

Deputado nem da parte do partido que representa, a mínima assunção de responsabilidades, de culpas,

quando sabemos que a responsabilidade, a quota-parte de responsabilidade, do Partido Socialista e das

administrações por ele nomeadas é enorme, é fundamental.

Nós, no PSD, estamos dispostos a esclarecer tudo aquilo que tenha de ser esclarecido, seja na Comissão

de Defesa Nacional ou em qualquer outro lugar, neste Parlamento. Estamos dispostos a esclarecer e estamos

dispostos a assumir as nossas responsabilidades. Seria bom que o Partido Socialista, e o Sr. Deputado em

particular, também o fizesse uma vez que fosse, ainda que essa manifestação fosse também peregrina.

Falou o Sr. Deputado num plano de reestruturação. Desculpe lá, não conheço!… Aquilo que vi quando

cheguei aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo foi uma empresa moribunda, uma empresa governada por

um conselho de administração com vontade de «morrer», que dizia, a quem queria ouvir, que aquela empresa

já devia ter fechado há muito tempo, que denegria os trabalhadores que lá estavam. A comissão de

trabalhadores da altura sabe bem que isto é verdade!…

Aquilo que sabemos é que se trata de uma empresa que dava prejuízo constante. As encomendas feitas

aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo foram de empresas financeiramente ruinosas. Neste momento, os

Estaleiros Navais de Viana do Castelo custam ao erário público, custam ao contribuinte, 110 000 € por dia.

Este Governo, desde que tomou posse, depois de acabar com essa farsa que foi o plano de reestruturação,

que era o plano de afundamento final dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, tentou todas as soluções

para que a atividade de construção naval permanecesse em Viana do Castelo e para que os direitos dos seus

trabalhadores fossem assegurados.

Vozes do PCP: — Nota-se!…

O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — E isso, Sr. Deputado, posso garantir-lhe que está assegurado e

que vamos conseguir.

A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — O que conseguiram foi destruir!

A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Queira concluir, Sr. Deputado, peço-lhe que termine.

O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Termino, Sr.ª Presidente, apelando ao Partido Socialista para que

se responsabilize pelo desastre do navio Atlântida, da responsabilidade do Governo nacional de então, do

Governo dos Açores do Partido Socialista.

A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr. Deputado, queira concluir.