I SÉRIE — NÚMERO 27
10
Sr. Deputado, sabe porque é que os portugueses estão a confiar neste Governo? Porque exigem
determinação aos governantes e este Governo tem tido a capacidade de ter essa coragem e de dar um rumo a
este País, o que é uma diferença total.
O Sr. Deputado pode continuar a zurzir no relatório do Banco de Portugal, no relatório da OCDE, mas
factos são factos e a verdade é que a economia portuguesa está a reagir muito graças ao esforço das famílias
portuguesas e das empresas. Isso é que o senhor devia louvar: as políticas corretas deste Governo e o
esforço enorme que os portugueses têm feito.
Aplausos do PSD.
Sr. Deputado Paulo Sá, sabemos que a política do Partido Comunista Português é contra a Europa. Aliás,
os senhores acham que a Europa só devia servir para nos entregar o dinheiro, para nós não lhe pagarmos
mas, por outro lado, que quando há fundos estruturais para distribuir devíamos ter cada vez mais. É esta a
política do Partido Comunista relativamente à Europa. Os senhores já fazem, muitas vezes, essa discussão.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Isso só existe na sua cabeça!
O Sr. Pedro do Ó Ramos (PSD): — Os senhores acham que devíamos estar fora do euro, acham que não
devíamos pagar a quem de direito, mas esquecem-se de uma cosia fundamental: por causa da credibilidade
externa deste Governo já conseguimos reduzir, em dois pontos percentuais, as taxas de juro que pagamos e
conseguimos aumentar os prazos de maturidade.
Neste momento, o Sr. Deputado fala em casos concretos de desemprego — não tenho dúvidas que sejam
reais, todos nós conhecemos e que, sem dúvida, são dramáticos —, mas a verdade é que nos últimos meses
essa taxa de desemprego tem vindo, de facto, a diminuir, porque há criação líquida de emprego — 120 000
postos de trabalho! E para o próximo ano o Banco de Portugal prevê mais criação líquida de emprego.
Sei que custa ouvir isto, mas dou-lhes um conselho: mudem e façam como os outros partidos da oposição
fazem nos outros países, nomeadamente a Irlanda, que é colocarem-se ao serviço do País.
Construir este País é com todos. Devia ser com os senhores e devia ser com o Partido Socialista. Faziam
um enorme serviço ao País se nos acompanhassem e reconhecessem que esta é a política certa.
Aplausos do PDS e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para um pedido de esclarecimento, dou agora a palavra ao Sr. Deputado Pedro Filipe
Soares, do Bloco de Esquerda.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, aguardo até que seja possível iniciar o meu pedido de
esclarecimento.
A Sr.ª Presidente: — Há um certo ruído na Sala que já se tinha ouvido na última parte da intervenção do
Sr. Deputado Pedro do Ó Ramos.
Peço aos Srs. Deputados que criem condições acústicas na Sala para que se façam ouvir os oradores.
Faça favor, Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, Sr. Deputado Pedro do Ó
Ramos, pela sua intervenção, pareceu-me estar bastante versado em política francesa. Não é tanto sobre a
política francesa que lhe vou fazer perguntas, mas sobre uma política francesa em particular, que agora até
está à frente do Fundo Monetário Internacional (FMI). Aquilo que o Sr. Deputado hoje diz que é um sucesso é,
nas palavras da Sr.ª Christine Lagarde, um desastre, que diz também que o FMI errou nas suas políticas.
Pergunto-lhe: partilha desta opinião de Christine Lagarde? Ou, agora, este Governo, esta maioria, o PSD já
não concordam que a austeridade seja má e encaram benevolamente esta informação? É que ela disse que
era um problema. E ela disse que era um problema porque o desemprego é brutal e nunca, em nenhum
momento, foi previsto que o desemprego chegasse a estes números.