I SÉRIE — NÚMERO 27
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Podem rir-se durante 1 segundo, mas passo a explicar.
Todas as políticas deste Governo têm um objetivo, que é o de moderar a procura interna e garantir o
crescimento sustentável através da procura externa líquida. Os resultados que agora foram celebrados pelo
Sr. Deputado fazem exatamente o oposto e, como fazem exatamente o oposto em relação à estratégia
implementada pelo Governo, importa a todos, em nome da verdade e do debate sério, perceber porquê.
Protestos do PSD.
Avanço com uma teoria, e gostava que o Sr. Deputado não me respondesse dizendo que isto é,
simplesmente, má vontade da oposição. O desafio que lanço ao Sr. Deputado é o de tentar argumentar
seriamente e de rebater aquilo que lhe vou dizer: o Governo previa que, segundo o Boletim da Primavera do
Banco de Portugal, a procura interna ia cair 4.2% e a procura externa ia subir 1.9%. E agora o que é que diz o
Boletim de Inverno do Banco de Portugal? Que a procura interna cai muito menos do que era esperado,
apenas 2.7%, e que a procura externa líquida fica aquém do que o Governo disse. Ou seja, a melhoria
económica é contra o Governo. E porquê? Porque o Tribunal Constitucional esteve na origem da única medida
este ano que fez aumentar a procura interna. Pode dizer «o Sr. Deputado da oposição não tem razão», mas
cabe-lhe a si dizer porque é que eu não tenho razão.
A procura interna aumentou por uma simples razão. Segundo o Banco de Portugal, a procura interna
divide-se em consumo público e consumo privado. Qual é a medida deste Governo que fez o consumo público
cair menos do que era esperado e, portanto, segundo dados do Banco de Portugal, contribuir positivamente
para a procura interna? Não há nenhuma medida! Este ano, a única medida tomada que fez o consumo
público cair menos do que era esperado foi a decisão do Tribunal Constitucional de obrigar o Governo a
restituir 1200 milhões de euros aos pensionistas e aos funcionários públicos, e isso tem um impacto direto no
consumo público. Se o Sr. Deputado não concorda, diga porquê.
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. João Galamba (PS): — Termino, Sr.ª Presidente.
Em relação ao consumo privado, quando o Tribunal Constitucional obriga a restituir pensões aos
pensionistas o rendimento disponível aumenta. Numa situação normal, quase todo o rendimento dos
pensionistas é consumido integralmente, mas numa situação de crise, em que os pensionistas financiam os
seus filhos e os seus netos, é 100% do rendimento restituído que é consumido.
Se quer ter um debate sério sobre esta matéria, cabe ao Sr. Deputado dar uma explicação alternativa sobre
qual é a política do Governo que fez o consumo público cair menos do que era esperado. Só encontro uma
explicação: a decisão do Tribunal Constitucional.
E terá de explicar também qual é a outra medida que fez aumentar o rendimento disponível das famílias e
aumentar o consumo privado.
A Sr.ª Presidente: — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. João Galamba (PS): — A procura externa líquida sobe muito menos do que aquilo que o Sr.
Deputado previa. Portanto, lanço um desafio ao PSD, em nome da seriedade: expliquem, por favor, aos
portugueses em que medida é que as propostas deste Governo diminuíram o corte do consumo público,
aumentaram o rendimento disponível das famílias e garantiram, estranhamente, que as prestações líquidas
crescessem menos do que era esperado. Lanço-lhe este desafio, a que gostava que respondesse.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Os Srs. Deputados, ao pedirem esclarecimentos, gastam quase sempre o dobro do
tempo regimental. A tarde vai ser longa, mas há um tempo regimental que tem uma razão de ser e a Mesa não