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11 DE DEZEMBRO DE 2013

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perspetiva de futuro e, por isso, tiveram de emigrar. E, Sr. Deputado, se fizer as contas, constatará que, caso

esses portugueses tivessem ficado em Portugal, a taxa de desemprego não teria diminuído mas, sim,

aumentado.

O Sr. Deputado falou ainda do Boletim de Inverno do Banco de Portugal e das projeções de crescimento da

economia de 0,8% para o ano. É um facto que essas previsões do Banco de Portugal estão em linha com as

previsões que o Governo apresentou no Orçamento de Estado, mas não estão em linha com a dura realidade

vivida e sentida diariamente pelos portugueses.

Sr. Deputado, dou apenas um exemplo que tem a ver com esta realidade vivida pelos portugueses e que

resulta da imposição da política da troica levada a cabo pelo Governo PSD/CDS. No domingo de manhã,

estive com os trabalhadores da Moviflor, à porta da loja de Olhão, que protestavam contra os salários em

atraso e pude testemunhar, diretamente, o seu desespero. Aliás, um deles, que tem cinco salários em atraso

— cinco salários em atraso! —, dizia-me que tinha um filho de oito anos, que não tinha dinheiro para o

alimentar e que, à noite, tinha de ir pedir um prato de sopa aos vizinhos. É esta a realidade que resulta do

ajustamento de que o Sr. Deputado tanto se orgulha.

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Não tem vergonha de explorar isso?

O Sr. Paulo Sá (PCP): — Relativamente à previsão de 0,8% para o crescimento da economia, que consta

do Boletim de Inverno do Banco de Portugal e também do Orçamento de Estado, temos dúvidas de que o

Governo tenha levado em conta o impacto extremamente negativo que as medidas de austeridade constantes

no Orçamento do Estado terão na procura interna. Temos dúvidas de que se possa atingir o valor de 0,8 % no

próximo ano.

A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.

O Sr. Paulo Sá (PCP): — Termino já, Sr.ª Presidente.

Sr. Deputado, se isso acontecer — e é um grande «se» —, esse tal crescimento económico não se vai

traduzir na melhoria das condições de vida dos portugueses, porque se esse crescimento económico se

registar será acompanhado de medidas de austeridade que irão empobrecer os portugueses.

Coloca-se, pois, uma questão que não está respondida no Boletim de Inverno mas a que, talvez, o Sr.

Deputado queira responder: a quem serve um crescimento económico que é acompanhado do

empobrecimento da esmagadora maioria dos portugueses?

A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.

O Sr. Paulo Sá (PCP): — Com certeza que não será aos trabalhadores, aos reformados, aos pensionistas,

às famílias, mas, sim, aos grandes grupos económicos e financeiros, que lucram com esta política.

A Sr.ª Presidente: — Peço aos Srs. Deputados, sem pretensões de iniquidade, para respeitarem os

tempos o mais possível.

Para formular o próximo pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado João Galamba, do PS.

O Sr. João Galamba (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Pedro Ramos, começo por fazer um pequeno

e breve comentário relativamente ao que referiu no início da sua intervenção: estas reformas são erradas hoje,

eram erradas há 12 anos e serão erradas sempre. Essa é a única posição do Partido Socialista.

O Sr. Deputado veio vangloriar-se dos bons dados do Boletim do Banco de Portugal. Sabe, Sr. Deputado, o

debate político não é uma claque de futebol, portanto, quando o Partido Socialista critica, fá-lo com

fundamento e convinha que, quando o PSD rejubila com os resultados, tenha também a consciência do que é

que os causa. O Sr. Deputado tem consciência de que esses resultados económicos são a demonstração

inequívoca do fracasso total da estratégia do Governo?

Risos do PSD e do CDS-PP.