13 DE DEZEMBRO DE 2013
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O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente: Em boa hora, o PCP apresentou para apreciação
parlamentar o Decreto-Lei n.º 133/2013. E dizemos em boa hora porque, com este agendamento, esta
Assembleia tem oportunidade de se pronunciar sobre uma matéria muito importante para os cidadãos, como é
o setor público empresarial e, sobretudo, aquilo que o Governo lhes pretende fazer com este diploma, que
agora apreciamos.
Já não é novidade para ninguém dizer que a motivação do Governo PSD/CDS é orientada no sentido de
acabar com tudo o que seja público, porque para este Governo tudo o que seja público é para abater ou,
melhor, tudo o que é público é para entregar ao setor privado. Esta é a orientação deste Governo.
Com este Decreto-Lei, o Governo quer dar mais um passo no sentido de criar as condições, para preparar
o terreno e desta forma entregar serviços públicos ao setor privado, engordando o mercado dos privados,
porque foi para isso que, pelos vistos, foram eleitos. Foi isso que andaram a dizer nas feiras, com um
chapeuzinho na cabeça. Era para entregar tudo ao setor privado.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Bem lembrado!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Portanto, os critérios que presidiram às alterações que este
Decreto-Lei vem trazer…
Protestos do Deputado do CDS-PP Artur Rêgo.
Posso aguardar, Sr. Deputado Artur Rêgo!…
Os critérios que presidiram às alterações que este Decreto-Lei vem trazer, dizia eu, relativamente ao setor
público empresarial, nada, mas nada tiveram a ver com a prestação do serviço público nem com os objetivos
sociais das empresas. «Serviço público» e «funções sociais do Estado» são conceitos que não fazem parte do
dicionário deste Governo e que, pelos vistos, até dão vontade de rir aos Deputados do CDS-PP, o que registo
também.
Mas o problema não é só esse, não é só dizer que as funções sociais do Estado não fazem parte do
dicionário do Governo. O problema pior é que este Governo pretende remover do nosso ordenamento jurídico
os conceitos de «serviço público» e «funções sociais do Estado» e pretende fazê-lo, apesar da sua relevância
constitucional.
Creio que, apesar da boa disposição que isto dá a alguns Deputados da maioria, este caminho que
estamos a seguir vai permitindo aos cidadãos e aos contribuintes começarem a questionar-se sobre o
seguinte: «Afinal, pagamos impostos para quê se, quando precisamos do Estado, ele não está presente?»,…
O Sr. David Costa (PCP): — Exatamente!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — … porque o Governo cada vez mais se vai desresponsabilizando
das funções sociais do Estado.
Protestos do Deputado do CDS-PP Artur Rêgo.
Ó Sr. Deputado Artur Rêgo, ainda bem que está de volta, porque não o vi cá quando foi votado o diploma
sobre as portagens na Via do Infante!… Agora, está cá a «mandar bocas»!
Aplausos do PCP.
Este diploma não se limita apenas a destruir os serviços públicos; ao mesmo tempo, procede a um novo
ataque a quem trabalha, como é bem visível, sobretudo, no seu artigo 18.º, onde o Governo pretende reduzir
ou cortar nos montantes que os trabalhadores atualmente auferem, os quais, aliás, tinham sido acordados com
o Governo.