I SÉRIE — NÚMERO 33
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O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Jorge Fão (PS): — Termino já, Sr. Presidente.
E porque a comissão de inquérito tem poderes particulares de investigação, entendemos que esta iniciativa
deve ter lugar no âmbito das competências, e até das obrigações, desta Assembleia da República, pelo que
merecerá o apoio do Partido Socialista e, portanto, o voto favorável para a sua viabilização.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Abreu
Amorim.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Sejamos claros quanto àquilo que
se tem passado em relação aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Aqueles que nos dizem para voltarmos
a fazer exatamente aquilo que foi feito nas últimas décadas nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo não
estão a mostrar compaixão ou compreensão pela situação dos trabalhadores e muito menos a exibir
preocupações com os interesses de Portugal e dos portugueses, nem são amigos do Alto Minho e da sua
economia.
Aqueles que exigem que se continue a derramar dinheiro dos contribuintes numa empresa que,
sucessivamente, gestão pública após gestão pública, se transformou num irremediável poço sem fundo e que
foi transformada de empresa viável em empresa inviável, neste momento, não têm respeito pelos mais
elementares princípios da saúde económica de que o nosso povo precisa para ser feliz.
Quem assim pensa não se importa com os anos e anos de prejuízos acumulados, e já são mais de 300
milhões de euros!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Por isso, queremos apurar as responsabilidades!
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Não querem saber do facto de os 13 navios construídos entre 2006
e 2010 terem tido mais de 100 milhões de euros de prejuízo — todos os 13 navios deram prejuízo. Mas
também parecem alhear-se do facto, absolutamente sintomático, de um conhecido, um ilustre militante do
Partido Socialista do Alto Minho, que fez parte do anterior Conselho de Administração dos Estaleiros Navais
de Viana do Castelo e que integra o atual, ainda ontem, aqui, no Parlamento, na Comissão de Defesa
Nacional, ter feito uma reflexão que deveria, também, servir de mote a uma reflexão mais profunda do partido
a que pertence. Dizia ele: «Quanto mais trabalho tínhamos, com mais prejuízo ficávamos».
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — E, então, «mata-se»?!
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Meus senhores, que fique muito claro: esta maioria não vai voltar
atrás, esta maioria não vai voltar a cometer os erros que foram cometidos, sucessivamente, em relação aos
Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Não vamos voltar a trilhar o triste caminho que nos trouxe até aqui, não
vai existir nenhum regresso ao passado.
O PSD quer apurar todos os factos, no âmbito da margem de inquirição do poder legislativo. É isto que
estamos a fazer na Comissão de Defesa Nacional e é por isso que, nesta Comissão, já foram ouvidos o Sr.
Ministro da Defesa, o Sr. Presidente da Empordef, o Conselho de Administração dos Estaleiros…
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Têm medo!
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — … e, hoje mesmo, de manhã, o Sr. Procurador-Geral Adjunto que
presidiu ao júri do procedimento da subconcessão.
O Sr. João Oliveira (PCP): — E já há coisas por esclarecer!