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30 DE JANEIRO DE 2014

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Como disse, não são políticas de consequência imediata. São políticas que obrigam os partidos que

exercem ou venham a exercer responsabilidades governativas a terem consistência e um olhar de longo prazo

nesta matéria e, essencialmente, um olhar de mudança cultural em relação à família.

Isto para que Portugal possa voltar a pôr a família no centro da sociedade e acompanhar as melhores

políticas de uma Europa que, para se salvar enquanto centro da democracia, de políticas de bem-estar e de

desenvolvimento social, saiba também pôr a família no seu centro e na sua essência.

Aplausos do CDS-PP.

A Sr.ª Presidente: — A próxima pergunta é da Sr. ª Deputada Paula Santos.

A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Carlos Peixoto, antes de lhe colocar uma

questão, não podemos deixar de registar que o Sr. Deputado abandonou uma expressão que utilizou há

tempos, a de a nossa Pátria ter sido contaminada com a já conhecida «peste grisalha», para se referir aos

idosos.

O PCP valoriza o papel de todas estas pessoas que se encontram em situação de reforma, que estão já

em determinada fase da sua vida, mas que muito contribuíram para o desenvolvimento do nosso País, e

consideramos que todas as pessoas, todos os portugueses têm direito à dignidade, independentemente da

fase da sua vida em que se encontrem.

Aplausos do PCP.

A segunda nota é para referir que não acompanhamos, rejeitamos até, a conceção utilitária da natalidade e

das camadas populares, que esteve subjacente em toda a sua intervenção.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!

A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Na nossa perspetiva, a constituição de família, assim como o número de

filhos que cada família pretende ter, deve ser uma opção livre, planeada, ponderada da família. Mas não é isso

que nós temos.

O Sr. Deputado, na sua intervenção, falou das questões da emigração mas não falou em nenhum momento

dos problemas que hoje condicionam os jovens casais na decisão de terem filhos e que levam muitas vezes

ao seu adiamento ou limitam a própria família na decisão de ter mais do que um filho, acabando por ter

mesmo só um.

Onde é que está, na sua intervenção, a questão dos baixos salários? Onde é que está, na sua intervenção,

a questão dos vínculos laborais e da precariedade que hoje é imposta aos jovens trabalhadores?

Onde é que esteve, na sua intervenção, a questão dos cortes nas prestações sociais, nomeadamente no

abono de família e no subsídio de maternidade e de paternidade aos portugueses?

O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!

A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Onde é que esteve, na sua intervenção, a questão do aumento dos horários

de trabalho e da desregulamentação horários de trabalhos?

Sr. Deputado, como é que hoje uma família, um jovem casal pode tomar esta opção de forma ponderada,

planeada e de livre vontade, que é um desejo de muitas famílias do nosso País, quando, hoje, por exemplo,

uma trabalhadora, uma auxiliar operacional, num hospital do Serviço Nacional de Saúde, muitas das vezes,

após o seu turno, é-lhe imposta a realização de mais um turno? Quando é que isto é conciliável com a vida

familiar, tema também aqui abordado pelo Sr. Deputado Raúl de Almeida?

Há que referir o seguinte: o Sr. Deputado diz que existem outras razões mas não tempo para as abordar.

Pois bem, não lhe interessa abordá-las, porque elas têm o vosso cunho, são os senhores os responsáveis

pelo facto de, hoje, os casais não poderem tomar uma opção livre quanto à família que querem constituir.