I SÉRIE — NÚMERO 42
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Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Luís Fazenda, o tema que aqui traz e a violência
em contexto escolar é matéria importante e exige reflexão por parte da Assembleia da República.
Independentemente da opinião e da apreciação individual que cada um possa fazer, o que está aqui em
causa não é a integração dos alunos no ensino superior mas, sim, a situação de violência e abusos cometidos
nesse contexto de praxe.
Aquilo que corresponde à prática de um crime obedece, por isso, às leis penais existentes e previstas. Por
isso, o que o PCP entende é que tudo aquilo que, não sendo crime, configura violência e abuso exige, como
preocupação central, a intervenção na prevenção e no acompanhamento, para evitar exatamente que
situações deste tipo voltem a acontecer e a repetir-se.
Entendemos, por isso, que é fundamental — e a prevenção deve ter exatamente este objetivo — garantir a
não repetição de situações de abuso e de violência que, não configurando um crime, possam constituir uma
situação preocupante a que é necessário pôr cobro, tratando-se, de facto, de uma situação inaceitável.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Fazenda.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Rita Rato, o que é intrigante nas declarações
do Sr. Secretário de Estado da Juventude — aliás, antecipando-se a uma avaliação mais global do Ministro da
Educação e Ciência, que, como já hoje aqui foi referido, terá amanhã reuniões com reitores e associações
académicas — é ele refletir sobre os acontecimentos do Meco e entender, a partir deles, salvaguardar aquilo
que são as praxes. Disse ele, porventura, esquecido da sua posição de membro do Governo, o seguinte:
«Não, as praxes não são nada daquilo, aquilo são ilícitos criminais». E as praxes seriam, enfim, prodigiosas
situações de integração, de melhor vivência das alunas e dos alunos, na sua receção na universidade ou nos
politécnicos. Assim não é!
Portanto, o que o Governo neste momento se prepara para fazer é tentar isolar as más praxes das boas
praxes. E o debate é este: quais são as boas praxes? Deem-nos um exemplo de uma boa praxe! Digam-nos
uma praxe que seja democrática, cidadã, igualitária e constitucionalmente protegida. Deem-nos um exemplo
de uma boa praxe! Deem-nos um exemplo de uma coisa inteligente! Deem-nos um exemplo de uma coisa ao
nível dos novos estudantes do ensino superior! Se nos derem um exemplo de uma boa praxe, nós estaremos
em condições de a discutir.
Não se trata aqui de reprimir. Não se trata aqui de apenas enquadrar aquilo que são os extremos, de
agressão, os ilícitos criminais, as violações mais pungentes de direitos de personalidade. Trata-se aqui de
saber, em relação a uma determinada prática cultural, que procura obter efeitos políticos e sociais, o que é que
pensamos acerca dela.
Será que os partidos da direita, designadamente o PSD, têm um exemplo de uma boa praxe? Deem aqui
um exemplo, partilhem-no connosco, porque esse é o debate que vai valer a pena.
É que códigos de boa conduta, para manter tudo como está, apesar do protesto, da incomodidade e da
comoção que vai afetando a opinião pública, servem apenas para tentar sossegar consciências, não servem
para resolver nenhum dos problemas que estamos a enfrentar.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Duarte Filipe Marques.
O Sr. Duarte Filipe Marques (PSD): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, o PSD obviamente não
desconhece que o debate que está a acontecer na nossa sociedade é um debate sobre a praxe. Ou talvez
seja mais um debate sobre a praxe que é estúpida ou parva, como dizia o Sr. Deputado do Partido Socialista.