I SÉRIE — NÚMERO 42
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O Partido Socialista parece que não ouve e já hoje, repetidamente, se recusou aqui a fazê-lo.
Por isso, quero colocar uma questão muito pertinente ao Deputado Michael Seufert: parece-lhe que a
irresponsabilidade que o Partido Socialista já hoje aqui manifestou contribui, de alguma forma, para o otimismo
do País, para a evolução da situação atual do País e para melhorar os indicadores económicos que referiu na
sua declaração política?
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para responder a estes dois pedidos de esclarecimento, tem a
palavra o Sr. Deputado Michael Seufert.
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados Paulo Sá e André Pardal, antes de
mais, agradeço as questões que me colocaram.
De facto, Sr. Deputado André Pardal, julgo que os dois partidos da maioria, historicamente, têm um legado:
quando o País mais precisou, quando o País esteve à beira do abismo e em cima da bancarrota deram a mão
não ao Partido Socialista, mas ao País, e entenderam que era importante responsabilizarem-se também por
aquele momento, embora não o tivessem influenciado, já que não estavam no Governo nem tinham maioria
neste Parlamento, de modo a que se pudesse avançar com o Programa de Assistência Económica e
Financeira antes das eleições, dizendo muito claramente ao País que estávamos do lado da responsabilidade.
Por isso, é difícil perceber que o Partido Socialista, num momento em que os consensos também
continuam a ser importantes, apesar de haver uma maioria absoluta sólida neste Parlamento, queira fugir às
suas responsabilidades e dizer que não é nada consigo.
Entendemos que a forma mais eficaz e rápida de sair do Programa de Assistência Económica e Financeira
é mostrar que nos setores-chave e nas questões-chave há consenso. E a verdade é que eles já aconteceram,
ainda que, politicamente, com necessidade de negociação, no que diz respeito, por exemplo, à reforma do
IRC.
Mas aquilo que disse e espero que possa acontecer é que, quando precisarmos de um igual consenso para
uma reforma no IRS, que possa, rapidamente, beneficiar as famílias — porque, de facto, também é verdade
que (eu próprio disse-o, da tribuna) os impostos são elevados —, consigamos também, da parte do Partido
Socialista, um consenso para essa reforma, de modo a que ela também possa ser credível perante todas as
pessoas que acompanham e olham de fora para o País.
Quem também olha de fora para o País é o Eurostat, o Eurogrupo, o Banco Central Europeu, a imprensa
internacional. Segundo o Partido Comunista, todas estas entidades fazem parte de uma enorme cabala
internacional…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Exatamente!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — … e que, sem apelo, o que dizem do País é tudo uma enorme
mentira, é tudo uma enorme cabala montada…
Protestos do PCP.
Sentimos, porventura, falta da Radio Yerevan, que transmitia a realidade ao mundo livre… Talvez sintamos
essa falta…
O Sr. Paulo Sá (PCP): — O senhor está completamente alheado do País!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Sr. Deputado Paulo Sá, falou da propaganda em cima da miséria. Sei
que os partidos comunistas sabem muito bem como fazer propaganda em cima da miséria,…
Protestos do PCP.