30 DE JANEIRO DE 2014
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A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, Sr. Deputado Miguel Tiago, queria
saudá-lo pela sua intervenção, pelo diagnóstico e pelo retrato que nos fez do País: um País sem esperançam,
um País que não vislumbra qualquer possibilidade de passar a viver melhor. Tudo isso, como bem disse, e o
Bloco de Esquerda subscreve, motivado pelas políticas deste Governo. Políticas que desequilibram quem vive
pior; políticas que permitem que haja cada vez mais desemprego, mais precariedade mas também gente que
empobrece a trabalhar. Mas estamos num País que permite que haja gente cada vez mais rica.
Ora, isto significa que os sacrifícios não são, como pretende fazer crer o Governo, iguais para todos. Eles
são, sim, fruto de uma opção claríssima de classe que decretou atacar os mesmos do costume, ou seja, atacar
os trabalhadores, privilegiando sempre e sempre também os mesmos do costume: a banca e o capital
financeiro.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Por isso, Sr. Deputado, o Bloco de Esquerda entende que o aumento do
salário mínimo nacional é uma emergência, é uma condição de recursos humanos. Ninguém pode viver abaixo
do limiar da pobreza.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Também por isso, Sr. Deputado, o Bloco de Esquerda apresentou, ainda
ontem, uma iniciativa em que propõe a redução do horário de trabalho.
Sabemos que o Governo acabou de aumentar o horário de trabalho dos funcionários da Administração
Pública, mas também sabemos que, em mais de 100 autarquias deste País, há uma desobediência a este
Governo que permite provar que não é necessário embaratecer o valor do trabalho.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Peço-lhe que conclua, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Termino, Sr. Presidente, perguntando ao Sr. Deputado se não acha que só
temos um caminho: o da mobilização em todas as lutas.
A mobilização do próximo sábado será, efetivamente, mais um passo para contestar esta política e este
Governo. Acreditamos que não pode haver becos sem saída e a luta será exatamente o caminho para o
derrube deste Governo.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Tiago, para responder.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Mariana Aiveca, de facto, este é um Governo
que diariamente rouba, tira a esperança aos portugueses. Mas os portugueses têm comprovado que resistem
a esse roubo com grande intensidade, participando cada vez mais nas ações de luta que são promovidas
pelas diversas forças, nomeadamente pela central sindical de classe mas também por outras forças que se
têm vindo cada vez mais a aproximar da necessidade de rutura com esta política de direita que vem
destruindo o País.
E, Sr.ª Deputada, fazendo uma referência à liquidação da esperança que este Governo pretende, permita-
me que introduza também a desmistificação da ideia, que este Governo pretende vender, de que, após a saída
da troica, tudo começará, um novo dia nascerá para os portugueses. Porém, nenhum Deputado do PSD ou do
CDS se inscreveu para responder à pergunta que o PCP colocou da tribuna…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!