I SÉRIE — NÚMERO 42
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resultado da brutal quebra no consumo interno e da exportação daquilo que deixámos de poder consumir no
País.
De 2011 a 2013, o Governo destruiu ativamente mais de 300 000 postos de trabalho, substituiu trabalho
estável por trabalho precário, mal pago e com horários de poucas horas semanais. A isso acresce o êxodo
forçado a que milhares de portugueses, principalmente os mais qualificados, estão sujeitos.
Ao mesmo tempo, enquanto as remunerações do trabalho, incluindo a segurança social, perdem 6,4%,
desde 2010 até agora, os lucros da exploração ganham 5,3%, mas esses pagam apenas um quarto dos
impostos diretos, enquanto os trabalhadores suportam três vezes mais.
Estes são os resultados da política de direita. Uma política de direita que não começou com PSD e com o
CDS, nem tampouco com a troica, mas que se torna mais agressiva, mais desumana e mais hostil perante os
portugueses.
Estes são os resultados de uma política que, em vez de concretizar Abril, quer recuperar os privilégios dos
monopólios, reconstruí-los e reforçá-los, uma política de reconstituição do passado.
Querem forçar-nos a acreditar que estamos mais perto do fim do sufoco, que existe uma saída «limpa» do
Memorando de Entendimento, que é possível regressar aos mercados como quem entra na terra prometida. O
que nos dizem é que, se fizermos mais um esforço, podemos ser um bom exemplo, que se nos deixarmos
assaltar sem protesto, seremos um exemplo de sucesso. E perguntamos, Srs. Deputados: um exemplo de
quê? De povo roubado e exaurido? De País destroçado?
Digam, Srs. Deputados, aqui e agora, se os portugueses vão reaver os seus direitos, os seus salários, as
suas pensões, após maio de 2014! Assumam, Srs. Deputados, que essa é uma mentira que difundem, que
essa é uma ilusão que alimentam apenas para prosseguirem o mesmo rumo, o mesmo esbulho, apenas para
continuarem a sangrar 21 milhões de euros por dia para pagar os juros da dívida que os vossos Governos e os
bancos contraíram.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — A maioria parlamentar — com o silêncio cúmplice do Partido Socialista —, o
Governo, o Presidente da República podem querer sequestrar a democracia, mas os portugueses já
mostraram, por mais do que uma vez, que não há dique que represe a força de um povo.
A demissão do Governo e as eleições são uma urgência patriótica para salvar o regime democrático e essa
urgência nem o fascismo pela força conseguiu calar.
Dia 1 de fevereiro não será um dia qualquer, será um dia de lutar pelo futuro; será um dia a juntar à luta
que coloca este Governo cada vez mais próximo do seu fim, porque cada dia de luta, cada greve, cada
manifestação nos aproxima da vitória de que o País precisa: a vitória que será alcançada com a derrota do
Governo, da política de direita, com a rejeição do pacto de agressão e com a construção de uma política
patriótica e de esquerda que honre os compromissos do Estado com os trabalhadores e o povo.
O Partido Comunista Português esteve, está e estará na linha da frente desse combate travado por um
povo que foi e será, uma vez mais, vitorioso.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Sr. Deputado Miguel Tiago, inscreveram-se, para pedir
esclarecimentos, a Sr.ª Deputada Mariana Aiveca, do Bloco de Esquerda, e o Sr. Deputado Nuno Sá, do PS.
O Sr. João Oliveira (PCP): — A direita não se inscreveu, porque encaixou as críticas!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Quem cala consente!
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, a Sr.ª Deputada
Mariana Aiveca.