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30 DE JANEIRO DE 2014

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O Sr. João Oliveira (PCP): — Estão enganados com os vossos números! Os senhores deram-lhes os

números errados!

O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Agradeço que conclua, Sr. Deputado.

O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Estou a terminar, Sr. Presidente.

Portanto, a criação de emprego advém também do facto de, numa série de produtos, estarmos a ganhar

quota de mercado (como disse, na indústria, isso sucede em 18 setores de entre 25), a vender mais lá fora, e

com isso também a conseguir financiar, por via do estrangeiro, os empregos nacionais, o que, acho, é algo —

e também gostaria que o PS estivesse contente com isso — que nos deve contentar a todos.

Aplausos do CDS-PP.

O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Tem a palavra, para uma declaração política, o Sr. Deputado

Miguel Tiago.

O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Indignação já não é palavra que baste para

descrever o sentimento de quem olha para o seu recibo de salário, de pensão ou de reforma e vê que lhe

roubaram muitos dos poucos euros que ganhava. Angústia ou desespero já não chegam para descrever como

vive quem empobrece a trabalhar, quem trabalhou a vida inteira ou quem hoje enfrenta o desemprego.

O Governo e a maioria continuam a apregoar sinais positivos, recuperações, milagres, saídas «limpas» da

troica, mas os recibos de salário, de pensão ou de reforma dos portugueses mostram uma realidade bem

diferente: o País está a saque.

Os portugueses são saqueados nos seus salários, nos seus direitos, nos serviços públicos, são espoliados

dos seus empregos e vêm a sua dignidade ser negociada nos bastidores da alta política como se de uma

mercadoria se tratasse.

Uma maioria eleita com mentiras, dissimulações; um Governo que liquida a confiança dos portugueses nas

instituições e usa o poder político para satisfazer o poder económico, à margem da lei, à margem da

Constituição. Um atentado sem precedentes às conquistas da revolução e um programa de profunda

reconfiguração do Estado estão em marcha, a pretexto de um programa de ocupação financeira que dá pelo

nome de Memorando de Entendimento.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!

O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Enquanto os portugueses perdem centenas de euros nos seus salários e

pensões; enquanto os portugueses empobrecem a um ritmo alucinante e os grupos económicos se apropriam

das riquezas nacionais construídas com o esforço de todos os que aqui trabalham; enquanto se destrói

emprego e prolifera a precariedade; enquanto os portugueses saem do País a um ritmo incomportável;

enquanto os estudantes desistem do ensino superior; enquanto os portugueses esperam por saúde; enquanto

o Governo desvia o seu dinheiro para o negócio privado da doença; enquanto os micro, pequenos e médios

empresários continuam sem acesso ao crédito e são forçados a fechar a sua atividade também por falta de

poder de compra dos clientes; enquanto a cultura é destruída e substituída por alienação; enquanto a ciência

definha e os investigadores precários contratados através de bolsas são privados de dar ao seu País o

contributo que aqui aprenderam a poder dar; enquanto aumentam os custos de eletricidade, do gás e dos

combustíveis; enquanto os idosos são confrontados com a pobreza e as crianças conhecem a fome, o

Governo PSD/CDS fala do milagre económico, como se fosse milagre asfixiar uma pessoa e anunciar com

satisfação que se está a poupar no oxigénio.

O País está mais pobre, mais dependente, menos democrático; o PIB cai consistentemente desde 2010; a

capacidade produtiva continua subaproveitada; o investimento, o consumo interno e a produção industrial

continuam em perda. Até o défice da balança comercial, esse eixo da propaganda do Governo, tem

demonstrado que afinal de contas as alterações não eram, afinal de contas, estruturais, mas apenas o