14 DE FEVEREIRO DE 2014
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A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Nem o PSD, nem o CDS-PP, nem mesmo o Ministro Miguel Poiares Maduro
reprimiram e condenaram as afirmações agressivas e atentatórias que fez o Presidente do Conselho de
Administração da RTP relativamente aos trabalhadores e o PCP gostaria de os ter ouvido fazer a defesa dos
trabalhadores, porque é assim que se defende o serviço público de rádio e televisão.
Mas vamos à questão que, efetivamente, importa: o subfinanciamento da RTP está a liquidar o serviço
público de rádio e televisão. É importante clarificar que só há um verdadeiro serviço público com financiamento
público, pois é este que permite a independência.
Sr.ª Deputada Cecília Honório, pergunto-lhe se acompanha a avaliação que o PCP faz de que este novo
modelo, estes novos estatutos da RTP não permitem esta independência e que, bem pelo contrário, tornam a
RTP refém dos interesses económicos dos grandes grupos económicos.
Também pergunto à Sr.ª Deputada se acompanha o PCP na avaliação que faz de que o novo serviço, o
novo contrato de concessão de serviço público constitui um pacote de serviços mínimos das obrigações a que
o Estado tem o dever de responder. Os portugueses têm direito a uma informação de qualidade e em
extensão e acreditamos que este contrato impede a assunção desse direito.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília Honório.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Carla Cruz, acompanho-a, certamente, nas
preocupações que aqui trouxe e que são as preocupações de fundo sobre o futuro do serviço público de rádio
e televisão.
Mais: reforço essas preocupações com a vergonhosa proposta das saídas voluntárias para os
trabalhadores da RTP, em que encontraram uma fórmula de cálculo para as indemnizações que, repare, tem
dois problemas.
O primeiro é que o valor é o do salário com os cortes. É este o valor que é aplicado, tornando definitivo,
afinal, aquilo que era temporário.
O segundo é que, quando se contabiliza o número de anos do profissional, esse número de anos não pode
ser superior a 14 anos — é o número máximo! Portanto, trabalhe-se 30, trabalha-se 40 anos, só podem ser
contabilizados 14 anos de serviço. Isto é uma vergonha para os profissionais da RTP! É uma lata imensa
como proposta e, na verdade, desvaloriza os trabalhadores, que são obrigados, voluntariamente, ao
despedimento. É uma vergonha esta proposta! É um desprezo total pelos profissionais mais qualificados da
empresa e é isto a que esta gente chama «saídas voluntárias». É um plano barato para descartar
trabalhadores da RTP.
A questão é esta, Sr.ª Deputada: «não há dinheiro», dizem eles, mas depois vamos encontrá-lo. Não há
problema nenhum em gastar mais de 1 milhão de euros em consultoria e em assessoria para estudar a
privatização da RTP. Não houve problemas para isso! Nem houve problemas para gastar milhares de euros
para a assessoria de imprensa! Não há problema nenhum nestes gastos! Nem nos gastos astronómicos do
campeonato mundial de futebol. Para isso não há problema e há dinheiro! Não há dinheiro é para um projeto
decente, um projeto que dignifique o serviço público de rádio e televisão.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Sérgio
Azevedo.
O Sr. Sérgio Azevedo (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Cecília Honório, com o devido respeito,
permita-me que lhe diga o seguinte: a sua intervenção faz-me lembrar, e uma vez que falou de futebol,
aquelas equipas de futebol que tentam ganhar na secretaria aquilo que perderam no campo.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!