21 DE FEVEREIRO DE 2014
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Aplausos do CDS-PP e do Deputado do PSD Carlos Abreu Amorim.
A Sr.ª Presidente: — Inscreveram-se, para pedir esclarecimentos ao Sr. Deputado Michael Seufert, os Srs.
Deputados Maria José Castelo Branco, do PSD, Agostinho Santa, do PS, Luís Fazenda, do Bloco de
Esquerda, e Rita Rato, do PCP.
Entretanto, o Sr. Deputado Michael Seufert informou que responderá a conjuntos de dois.
Tem a palavra, em primeiro lugar, a Sr.ª Deputada Maria José Castelo Branco.
A Sr.ª Maria José Castelo Branco (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado, todos quantos trabalham em
educação sempre tiveram a convicção de que o combate ao abandono escolar e o sucesso escolar devem ser
objetivos máximos do sistema educativo.
A motivação dos alunos é primordial nestes processos e, para tal, a abordagem de temas de cariz o mais
próximo possível das suas realidades é essencial para todos os efeitos. Os docentes sempre sentiram esta
premência. Este Ministério da Educação tem vindo a reforçar diferentes facetas da autonomia das escolas: a
oferta da escola no ensino básico, as atividades de enriquecimento curricular e de apoio ao estudo, o reforço
da autonomia dos próprios processos de gestão administrativa e as próprias metas curriculares clarificam, tal
como o nome indica, as metas a atingir, sem prescrever estratégias e metodologias pedagógicas, sendo
deixada a liberdade aos professores de fazer as suas próprias opções.
A autonomia das escolas está progressivamente em transformar o projeto educativo no documento em que
assentará todo o trabalho dos diferentes atores educativos, em que todos serão chamados a colaborar na sua
construção e na sua implementação, sejam alunos, docentes, diretores, autarquias, encarregados de
educação, etc.
O projeto educativo deixa de ser encarado com o objetivo de ensinar os alunos da escolaridade obrigatória
para passar a ser encarado como um projeto de educação e formação de toda uma comunidade, de âmbito
mais ou menos local, para todos, já que a educação é agora encarada para toda a vida.
Mas mais autonomia implica mais responsabilidade. Daí a premência de corresponsabilizar todos os atores
educativos na construção dos projetos educativos e também na sua concretização.
Neste âmbito, de que forma a contratação de escola contribuirá para a autonomia? E de que forma as
matrizes curriculares nacionais serão asseguradas?
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Agostinho Santa.
O Sr. Agostinho Santa (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Michael Seufert, numa altura em que toda a
sociedade se apercebeu de que o Ministro Nuno Crato foi sendo isolado em todas as opções que tomou, é
estranho, neste momento, trazer à colação a política educativa num sentido tão positivo quanto o senhor a
apresentou.
O Sr. Deputado traz este assunto à discussão, primeiro porque terá havido uma alteração em termos de
autonomia das escolas, um reforço dessa autonomia. Esquece-se, no entanto, que o caminho até agora
percorrido — e quem está ligado a estes assuntos, sabe que isto é verdade — foi o caminho da centralização,
foi o caminho da rejeição da autonomia das escolas verdadeiramente assente em projetos educativos.
Não se pode esquecer, por exemplo, que as competências das ex-direções regionais de educação
passaram não para as escolas, como as próprias escolas reivindicam, mas diretamente, quase todas elas,
para a Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares. Ora, esse é o caminho da centralização e não o
caminho da autonomia.
Depois, referiu também que esta autonomia permitia que se respondesse a desafios, que seriam os de
levar a escola a todos aqueles que dela necessitam, em condições de igualdade.
Ora, o que verificamos é exatamente o contrário: as condições de igualdade são postas em causa. Isto tem
acontecido, designadamente em termos de inclusão de alunos com necessidades educativas especiais ou
mesmo com dificuldades de aprendizagem. Essa tem sido a política mais visível e não a política da inclusão.