21 DE FEVEREIRO DE 2014
21
É que, como o Sr. Deputado disse, e muito bem, é importante que as escolas possam ter um projeto
educativo consistente. Ora, é exatamente nisso que acreditamos. E é por isso que achamos que o nível
decisório — e a Sr.ª Deputada Maria José Castelo Branco disse-o, e muito bem — deve estar o mais próximo
possível das realidades.
O Sr. Filipe Lobo d’Ávila (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — É que quem está na comunidade educativa e quem deve definir as
indicações desse projeto educativo são os professores, os pais e, na medida da sua intervenção, também os
próprios alunos, de modo a poderem, em conjunto, na comunidade educativa, fazer parte e construir esse
projeto educativo, que necessariamente, como o Sr. Deputado também sabe (e tenho a certeza que sabe, até
porque foi eleito por um círculo eleitoral do interior), é muito diferente de Vila Real para o Porto, uma vez que
são realidades diferentes, são cidades diferentes, o mesmo acontecendo, dentro do distrito do Porto, entre o
Porto e Amarante.
A Sr.ª Deputada Maria José Castelo Branco perguntou-me o que é que se pode fazer ao nível da
contratação de escola e ao nível da questão curricular. Ao nível da contratação de escola, penso que
devemos, antes de mais, aguardar que o Governo abra o processo de negociação com os sindicatos, até
porque é uma matéria que naturalmente preocupa os sindicatos. Pessoalmente, devo dizer que veria com
bons olhos que se pudesse dar algum avanço na contratação de escola, no que diz respeito aos professores
que não são colocados pela lista ordenada e pelo concurso nacional, todos os anos. Sabemos que, nas
escolas, entre 10% a 20% dos professores, em média, não são colocados por esta via, pelo que aqui as
escolas poderiam ter mais autonomia.
É que nós também sabemos (e a Sr.ª Deputada, sendo do distrito do Porto, sabe-o bem), que, por
exemplo, há escolas que têm contrato de autonomia e se queixam que todos os anos têm de recorrer a uma
bolsa de professores que não estão harmonizados com o projeto da escola. A Escola da Ponte, em Santo
Tirso, é disso um excelente exemplo. Todos os anos, essa escola escreve aos Deputados e explica que tem
um projeto educativo diferente e que precisa de professores que adiram àquele projeto educativo. Respeito
imenso esse projeto educativo — aliás, já visitámos essa escola mais do que uma vez —, pois trata-se de um
projeto educativo verdadeiramente diferente.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Estou mesmo a terminar, Sr.ª Presidente.
Efetivamente, tem de haver uma ligação entre o professor e aquele projeto educativo, caso contrário este
último não funciona. Por isso, aquela escola reclama essa autonomia. Ora, acho que lha devemos dar, mas
também acho que devemos aguardar o que o Ministério e os sindicatos fazem.
O Sr. Filipe Lobo d’Ávila (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Quanto às matrizes curriculares, Sr.ª Deputada, responder-lhe-ei a
seguir, pois agora já não disponho de tempo, mas creio que, nesta matéria, também se irão registar alguns
avanços importantes.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Há ainda dois oradores inscritos para pedir esclarecimentos.
Começo por dar a palavra, para o efeito, ao Sr. Deputado Luís Fazenda.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Michael Seufert, ao ouvi-lo falar sobre
educação, julguei — mal — que viria trazer aqui a situação das universidades, em que há uma rutura completa
de relações entre o Governo e os reitores, ou a contestação generalizada e universal dos politécnicos e dos
seus presidentes, ou a contestação da comunidade científica em relação à Fundação para a Ciência e a