I SÉRIE — NÚMERO 52
26
Compensação Salarial torna-se afinal inacessível e inútil, pelas restrições e burocracias que comporta,
evidenciando a necessidade de alterar o regime desse Fundo. Será essa a nossa proposta, agilizando e
adequando o seu acesso e tornando-o uma resposta de compensação efetiva aos pescadores.
O Governo fala de regresso ao mar, fala de recuperação e de reindustrialização. Entretanto, afunda os
Estaleiros de Viana do Castelo e vai minando o Arsenal do Alfeite, lesando a Marinha e o País. Veja-se a
recente adjudicação, por ajuste direto, a uma empresa alemã da reparação do submarino Tridente, que o
Arsenal tinha perfeitas condições de fazer. Uma «pequena reparação» pela módica quantia de 5 milhões de
euros, que os portugueses são condenados a pagar por despacho do Ministro!
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Tal como assinalámos nas Jornadas Parlamentares, Portugal está
hoje pior do que em 2011, quando foi assinado entre as troicas o pacto de agressão. Apesar desse
agravamento da situação nacional, temos um Governo que insiste na mesma política de destruição
económica, de terrorismo social e abdicação da soberania nacional com que tem destruído as vidas de
milhares de portugueses nos últimos anos e comprometido o futuro do País.
Um Governo transformado em comissão eleitoral, preocupado em vender ilusões pré-eleitorais, recusando
qualquer responsabilidade na situação do País e procurando esconder os problemas nacionais com doses
massivas de propaganda.
O Governo responde aos problemas do País com propaganda, mesmo sabendo que ela não compensa a
economia destruída nos últimos três anos, mesmo sabendo que a manipulação das estatísticas não trava as
falências, as insolvências, o desemprego ou a emigração.
Em alguns casos, o Governo chega a tentar vender a cura depois de trazer a doença, tal como
assinalámos nas Jornadas Parlamentares. Depois do saque fiscal que nos últimos anos esmagou os
rendimentos do trabalho, o anúncio de uma descida de impostos lá para as vésperas das eleições em 2015 é
reveladora e sintomática da forma de estar na política deste Governo e desta maioria.
Sr.ª Presidente e Srs. Deputados: O País e o povo não podem estar, e não estão, condenados a estas
políticas!
Na sessão pública que realizámos no quadro destas Jornadas Parlamentares, sob o lema Direitos,
desenvolvimento e soberania — a alternativa à política de direita, tivemos oportunidade de afirmar, uma vez
mais, um conjunto de linhas orientadoras dessa política alternativa de que o País necessita e que se torna a
cada dia mais urgente construir.
Nessa sessão e nestas Jornadas, se demonstrou e confirmou que essa alternativa é urgente, indispensável
e é possível! Ela passa, desde logo, pela necessidade incontornável de renegociar a dívida pública, rejeitando
a sua componente ilegítima, reduzindo os montantes em dívida, alargando significativamente os prazos de
pagamento e diminuindo os juros, em particular da parte correspondente ao empréstimo da troica.
Se para os partidos da troica interna os compromissos para com os banqueiros, especuladores e agiotas
são sagrados, para o PCP é o interesse nacional que prevalece e esse interesse nacional exige a imediata
renegociação da dívida. Por isso, apresentaremos uma proposta nesse sentido, limitando os juros a pagar
anualmente a um valor máximo, indexado às exportações, que seja compatível com as necessidades de
crescimento económico, de criação de emprego e de reforço da capacidade produtiva nacional.
Traremos, então, à Assembleia da República, numa interpelação ao Governo já dia 13 de março, esse
confronto entre a política de direita com que o Governo afunda o País e a verdadeira alternativa, a política
patriótica e de esquerda de que País precisa.
A gravidade da situação económica e social exige um Governo e uma política capazes de resolver os
graves problemas nacionais, de devolver direitos, salários e pensões roubados e de apontar aos portugueses
uma perspetiva de melhoria das suas condições de vida, de progresso e desenvolvimento do País, de justiça
social e de defesa da soberania nacional.
É por esse caminho que continuaremos a intervir e a lutar.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Inscreveram-se, para pedir esclarecimentos ao Sr. Deputado Bruno Dias, os Srs.
Deputados Nuno Magalhães, Carlos Abreu Amorim e Mariana Aiveca.