I SÉRIE — NÚMERO 52
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O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Vou mesmo concluir, Sr. Presidente.
Como eu dizia, gostaria, se fosse possível, de fazer o seguinte apelo ao Partido Comunista Português: não
tente negar a realidade. Essa nunca é uma boa lição que se extrai do combate político.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para responder, tem a palavra o Ser. Deputado Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Carlos Abreu Amorim, não faço a maldade de lhe
recomendar uma ida aos Estaleiros de Viana, mas, pelo menos, que saia à rua, não lhe fazia mal nenhum.
Saia à rua, fale com as pessoas, veja o que se está a passar no País e, por favor, não venha dizer outra vez
que não há rutura nos serviços públicos.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Não há! Não há!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Há de dizer-me qual é o serviço público que tem visto recentemente. É que
enquanto o Sr. Deputado vem aqui dizer que não há rutura nos serviços públicos, nós dizemos, porque temos
o testemunho concreto e vivo da realidade concreta que existe, que há hospitais que, em vez que usarem
fraldas para os doentes, improvisam usando sacos do lixo e toalhas.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Enquanto o Sr. Deputado diz que não há rutura nos serviços públicos, há
pessoas que passam a noite nas urgências do hospital e continuam lá na manhã seguinte.
Protestos do PSD.
No distrito de Setúbal, que o Sr. Deputado talvez não conheça mas devem conhecer alguns Deputados do
seu partido menos «vocais» neste momento, aquilo que verificamos é que os serviços públicos nem sequer
existem!
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Não é a realidade!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sabe qual é a rutura que existe no hospital do concelho do Seixal? Não há!
Não há hospital!
Aquilo que temos defendido ao longo dos anos é que haja uma resposta, um incremento do investimento
nos serviços públicos e não o encerramento que os senhores estão a promover, quer ao nível da saúde, quer
ao nível da educação, quer ao nível da própria justiça, com o encerramento e a desgraduação de tribunais
também no distrito de Setúbal, matéria que oportunamente teremos ocasião de discutir.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — A justiça está melhor!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Diz o Sr. Deputado que Portugal está a reabilitar-se financeiramente. Pergunto
se está a falar dos 9,4 mil milhões de euros de riqueza destruída resultante da gestão deste Governo nos
últimos três anos, mas que consegue apresentar com orgulho. É que estamos a falar de uma recessão
acumulada de 5,8%, Sr. Deputado. É disto que estamos a falar quando verificamos que, de acordo com os
números objetivos, 2013 voltou a ser um ano de recessão e que tivemos 11 trimestres consecutivos em queda,
gravíssima para a nossa economia.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Há que falar verdade!