I SÉRIE — NÚMERO 52
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A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr. Deputado, a Gestnave tem tido, à porta, contentores de emigrantes,
emigrantes esses que são explorados, que fazem trabalho escravo. É também esse um exemplo do distrito de
Setúbal que os senhores não querem ver.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Que exagero!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Por isso, Sr. Deputado Bruno Dias, pergunto se não acha que só mudando
a direção destas políticas de empobrecimento é que podemos ter um distrito de Setúbal e um País mais digno
das suas gentes, que merecem e que foram, naquele distrito, os construtores do progresso e de uma região
ímpar em Portugal.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Mariana Aiveca, agradeço as questões que
colocou.
Como temos vindo a afirmar, o distrito de Setúbal tem um enorme potencial para o desenvolvimento e o
progresso não apenas a nível regional, mas a nível nacional.
Como também temos vindo a afirmar, há todo um potencial que Setúbal e o seu distrito apresentam e
reivindicam. Um potencial a nível do desenvolvimento nacional; da defesa e aposta no aparelho produtivo; do
apoio à investigação e à ciência, como um dos principais polos nacionais; da indústria, mas também das
pescas e mesmo da agricultura; da qualidade dos produtos regionais, mas também da estratégia integrada de
desenvolvimento territorial que está consolidada e que deve ser aplicada, seguida e não contrariada e
esmagada, como tem sido pelo poder central ao longo destes anos.
Aquilo que temos vindo a assistir por todo o País, mas de uma forma também visível no distrito de Setúbal,
é ao encerramento de centros e extensões de saúde, de escolas, de estações de correios, de serviços
públicos de transportes, de repartições de finanças,…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — De repartições de finanças?!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — … para além da extinção de freguesias e o que isso significa para as
populações deste distrito. Aquilo que tem vindo a acontecer é a antítese daquilo que o poder central deve
prosseguir no apoio a uma estratégia de desenvolvimento.
Verificamos que o que está a passar-se na Costa de Caparica, o que está a passar-se nas comunidades
piscatórias da Costa de Caparica, da Fonte da Telha, da Trafaria, de Sesimbra, de Sines é, neste momento, a
asfixia dos setores produtivos e do aparelho produtivo nacional, quando a opção é o sacrossanto poder
financeiro.
Quando se diz que não se pode negar nem um cêntimo aos agiotas e aos especuladores, que têm a dívida
na mão e que, por essa via, querem ter o País na mão, o que dizemos é que esses agiotas e especuladores
estão claramente a viver acima das nossas possibilidades.
Do que precisamos é, de uma vez por todas, de uma inversão de políticas que promovam o
desenvolvimento regional integrado, o desenvolvimento nacional, o emprego com direitos, o direito dos
trabalhadores e do povo, mas, acima de tudo, uma política patriótica e de esquerda que torne possível a
concretização de todos estes objetivos.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma declaração política, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana
Mortágua.