21 DE FEVEREIRO DE 2014
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O Sr. Bruno Dias (PCP): — Portanto, quando o Sr. Deputado diz que Portugal «bateu no fundo» e que «já
passámos o pior», é sinal de que fala pouco com as pessoas ou, pelo menos — muito provavelmente, é o que
está a acontecer —, que anda a escolher muito bem as pessoas com quem fala.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Na Península de Setúbal, falámos, e vamos continuar a falar, com os
pescadores, com os agricultores, com os reformados,…
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Também nós!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — … com os jovens, nomeadamente com os jovens emigrantes, e aquilo que
verificamos, dando voz na Assembleia da República a essa realidade concreta, é que, na vida real, no terreno,
não só numa região, mas de norte a sul do País, há um povo e há trabalhadores que lutam, que defendem os
seus direitos e que defendem o interesse nacional contra esta política de desastre que o Governo e maioria
estão a tentar impor ao País.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana
Aiveca.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Bruno Dias, saúdo-o especialmente pela sua
intervenção mas também pela realização das Jornadas Parlamentares do seu partido no distrito de Setúbal,
distrito a que tenho a honra de pertencer.
Sr. Deputado, infelizmente, o distrito de Setúbal já foi, nos anos 80, o distrito das bandeiras negras da
fome, o distrito com maior taxa de desemprego e de pobreza. Mas o distrito de Setúbal já foi, e continua a ser,
um distrito forte em conhecimento, forte em know-how, forte em riqueza natural e patrimonial, um distrito onde
os recursos naturais podem ser também utilizados para a criação de valor.
Porém, ao invés do aproveitamento daquilo que foi uma indústria naval, um arsenal do Alfeite, uma
siderurgia nacional importante, ao invés de continuar a ser um distrito onde se apostava na indústria da
criação de valor, tudo isso foi espatifado e largado ao abandono. Ao invés de se aproveitarem os recursos
naturais tão importantes daquela região, o Governo também se desresponsabilizou totalmente por todas as
questões relativas ao ambiente.
Veja-se a questão que o Sr. Deputado levantou em relação à Costa de Caparica. O responsável primeiro é
o Governo.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Não haja dúvida!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Que não se venham assacar responsabilidades aos poderes locais, porque
o Governo abandonou — à custa e com a justificação do acordo com a troica, que tudo manda e que tudo
domina — todos os projetos de requalificação daquela zona e, por isso mesmo, o resultado está à vista.
Dizem-nos os Srs. Deputados da direita que Portugal está melhor. Nós dizemos que Portugal está pior e
que o distrito de Setúbal está pior. Para isso, basta os Srs. Deputados fazerem uma ronda pelo distrito, irem
aos serviços públicos, irem ao hospital do Barreiro, ao hospital de Almada, ao hospital de Setúbal, aos centros
de saúde, irem ao tribunal — que querem cortar — da região do litoral alentejano, irem também às
empresas…
Um Sr. Deputado, num aparte, perguntou: e a Lisnave?
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Está melhor do que estava!
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr.ª Deputada.