I SÉRIE — NÚMERO 56
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É, assim, difícil, face ao que foi o posicionamento dos dois partidos nos últimos anos, que possamos obter
um acordo sobre os tetos máximos da despesa pública primária para os próximos anos? O próprio Partido
Socialista e o seu líder já deram nota da sua disponibilidade. Pois bem, venham ao debate, tragam as vossas
propostas, confrontem as vossas propostas com as propostas do Governo e da maioria.
Aplausos do PSD.
Já nos mostrámos disponíveis para dialogar com o Partido Socialista na definição das prioridades do
investimento público, na definição das prioridades da aplicação do novo quadro comunitário de apoio. O
Partido Socialista que traga as suas ideias para o debate! Já iniciámos esse debate aqui, no Parlamento, por
nossa iniciativa, e queremos que o Partido Socialista continue a colaborar nesse debate, como também no
debate da reforma do Estado.
Hoje, no dia em que alguns saem deste debate, é talvez o dia próprio para recordar que esta Câmara,
democraticamente, criou uma comissão específica para podermos trocar ideias e propostas sobre a reforma
do Estado…
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Bem lembrado!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — … que só não funciona porque os partidos da oposição, até hoje, não
quiseram integrar a comissão criada para esse efeito.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Por isso, Sr. Primeiro-Ministro, respondemos ao seu repto. Estamos disponíveis, nesta bancada e nesta
maioria, para responder a esse repto. Gostaríamos muito que, em especial, o Partido Socialista não ficasse
nesta posição de isolamento, quase de orgulhosamente sós, que, infelizmente, tem uma dimensão interna,
que prejudica o interesse nacional, mas tem também uma dimensão externa, porque também na Europa o
Partido Socialista está cada vez mais isolado, e sabemos quanto a nossa recuperação depende também da
evolução europeia.
Para terminar, Sr. Primeiro-Ministro, aproveitando que estou a falar da Europa, gostaria de colocar-lhe uma
questão muito rápida sobre a situação política e social que se vive na Ucrânia.
Sabemos que vai realizar-se amanhã um Conselho Europeu extraordinário, sabemos que esta é uma
situação que nos preocupa a todos, que influencia a estabilidade social e económica da Europa, que influencia
mesmo a paz e a segurança internacionais. Naturalmente, temos uma especial atenção no que concerne ao
respeito por valores elementares da democracia e ao respeito por valores elementares dos direitos humanos.
Por isso, Sr. Primeiro-Ministro, termino incitando o Governo a que possa também deixar aqui uma palavra
relativamente à posição que assumiremos nesse encontro, amanhã.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro, para responder.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Luís Montenegro, começando pelo balanço que
me convidou a fazer sobre as conclusões da 11.ª avaliação, em termos setoriais, quero anotar que é patente
que conseguimos fechar, por inteiro, um dossiê do Memorando de Entendimento respeitante à reforma da
justiça. Conforme já foi noticiado, representa a primeira matéria setorial que ficou inteiramente fechada nestes
quase três anos. Mas, evidentemente, várias outras questões que têm vindo a ser tratadas têm tido uma
conclusão bastante positiva.
No início do meu mandato, disse que tínhamos a ambição de, em matéria de reforma estrutural, ir além do
Memorando de Entendimento e creio que cumprimos amplamente esse objetivo. Quer isto dizer que, olhando
para o percurso feito, há hoje muito mais ambição de reforma estrutural do que aquela que estava contida no
Memorando inicial. Isso é importante, uma vez que é também amplamente reconhecido o impacto positivo