6 DE MARÇO DE 2014
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Mas vemos agora uma propaganda por parte do Governo como, sinceramente, Sr. Primeiro-Ministro, nunca
tinha visto antes. Dizem: «O País está melhor, o pior já passou» — e o Sr. Primeiro-Ministro não disse se
passou ou não —, «há um milagre económico»… Tantas bandeiras, Sr. Primeiro-Ministro, e aquilo que
permanentemente vamos sabendo é que 50 000 crianças perderam o abono de família, 52 000 pessoas
perderam o rendimento social de inserção, 53% dos desempregados não têm direito a subsídio de
desemprego e as desigualdades aumentam. É este o País que os senhores estão a criar! E, agora, pergunto,
Sr. Primeiro-Ministro: isto corresponde ou não ao alastramento da pobreza em Portugal?!
Aquilo que os senhores têm feito, o resultado das vossas políticas é justamente este: mais desigualdade,
mais fragilidade nas famílias e na situação económica das famílias portuguesas e mais pobreza. É isto que
significa um País melhor, Sr. Primeiro-Ministro?!
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, conclui-se aqui a intervenção de Os Verdes.
Pelo CDS-PP, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Magalhães para formular perguntas.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, realizamos este debate
quinzenal a uma avaliação e a dois meses e meio do fim de um Programa de Assistência Económica e
Financeira duríssimo, que implicou inúmeros sacrifícios e que o País, pela mão do anterior Governo, foi
obrigado a pedir, para poder fazer face a despesas essenciais do Estado, como salários e pensões.
Fazemo-lo também numa altura em que cada vez mais instâncias europeias insuspeitas — no sentido de
que não podem tomar parte — têm publicado números sobre a economia portuguesa, sobretudo concentrados
neste ano de 2014, que, particularmente, por mérito dos empresários, dos trabalhadores e das empresas, são
números animadores.
Soubemos, durante este primeiro trimestre de 2014, que as exportações foram de 4,3% e tiveram mais
destinos, sendo o ano de 2013 um dos melhores anos, senão o melhor ano de sempre, assim como que foram
mais diversificadas em termos de produtos, pois vendemos hoje para o exterior mais calçado, mais têxtil, mais
plásticos, mais peles, mais couros e, por isso mesmo, também a produção industrial, do ponto de vista
homólogo, teve uma variação positiva, de 7,3%, em dezembro de 2013.
No turismo, tivemos, em 2013, mais hóspedes, mais dormidas, mais proventos.
Os índices de confiança, internos e externos, da economia portuguesa atingem valores record e idênticos
só há três anos.
Tudo isso, conjugado, permitiu uma redução da elevada, ainda elevada, aliás, diria mesmo, demasiado
elevada taxa de desemprego — e o Sr. Primeiro-Ministro também já o disse aqui —, mas, ainda assim, uma
redução de 2,2%, no último ano. A taxa de desemprego continua a ser alta, demasiado alta, mas é bom
registar, e lamento que isso ainda não tenha sido feito neste debate, que, nesta matéria do desemprego, cada
vez mais nos afastamos dos 26% da Espanha ou dos 27% da Grécia e nos aproximamos da média da União
Europeia.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — É importante registar isto, porque é o resultado do esforço que os
portugueses têm feito e das inúmeras dificuldades que têm enfrentado.
Mas, Sr. Primeiro-Ministro, também soubemos, esta semana, que os juros da dívida pública portuguesa, o
que tem a ver com credibilidade, confiança, palavra e crença na palavra deste Governo, registaram os valores
mais baixos dos últimos anos, que passámos mais uma avaliação, que, inclusivamente, fechámos um dossier
na justiça, cumprindo uma das obrigações contratadas pelo anterior Governo e que faz parte do Memorando
de Entendimento, pois estão concluídas as reformas na área da justiça. E, Sr. Primeiro-Ministro, permita-me
também sublinhar os números que, ontem mesmo, conhecemos, sobre a inovação e o facto de Portugal ter
sido o País que mais cresceu na União Europeia neste domínio, o que também vem desmistificar alguns
discursos, no sentido de que este Governo não daria a devida atenção à ciência, estaria a exportar todos os
quadros, estaria a impelir as pessoas com qualidade para que fossem para outros países. Pelos vistos, mais
uma vez, os números desmentem esses discursos.