I SÉRIE — NÚMERO 56
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diferentes. O défice contratado para 2013 era de 3% do PIB. O défice ficará, segundo o próprio Governo, em
5,2% do PIB. A dívida contratada para 2013 era de 113% do PIB. A dívida é superior a 130% do PIB.
Mas mais grave do que ter falhado todos esses objetivos foram as consequências sociais que daí
resultaram.
O Sr. José Junqueiro (PS): — Muito bem!
O Sr. António José Seguro (PS): — O nosso País tem hoje o maior número de desempregados de que há
memória e conheceu, a seguir ao 25 de abril, o maior período — enorme! — de emigração, com mais de 200
000 portugueses emigrados. Mais: hoje também ficámos a saber que há mais de 310 000 portugueses em
idade de trabalhar que já desistiram de procurar emprego, sendo considerados inativos os que estão
desencorajados, e que 52% dos portugueses que estão desempregados já não têm qualquer apoio social.
Poderia continuar a enumerar todos estes pontos, que são uma realidade do dia-a-dia. Uma realidade que
desmente a avaliação positiva que a troica e o Governo fazem da execução deste programa em Portugal. E
fazem essa avaliação porque não têm resultados para apresentar ao nosso País.
Os senhores transformaram um programa de ajustamento num programa de empobrecimento e o nosso
País hoje está — infelizmente o digo — mais pobre, mais desigual e os objetivos de equilíbrio das nossas
contas públicas não passam o crivo da sustentabilidade.
Em Portugal, o Primeiro-Ministro sabe, e os portugueses também, que não há uma questão relativamente
ao equilíbrio das contas públicas. O Governo e o PS defendem um equilíbrio das contas públicas. Esse sentido
foi dado com o nosso voto ao tratado fiscal europeu, e no mesmo sentido votámos a favor e apresentámos
propostas para que a regra de ouro ficasse estabelecida na Lei de Enquadramento Orçamental.
O Sr. José Junqueiro (PS): — Muito bem!
O Sr. António José Seguro (PS): — Em Portugal, há um amplo consenso social e político no que diz
respeito ao equilíbrio das contas públicas. Mas também há uma grande diferença que nos separa do Governo
em relação à estratégia para alcançar esse objetivo.
E aqui tenho a primeira pergunta para fazer ao Primeiro-Ministro, que é muito simples: quando é que o
Primeiro-Ministro descobriu o valor do consenso?
Aplausos do PS.
Ao longo dos primeiros dois anos do seu mandato, o senhor não quis ouvir proposta nenhuma do Partido
Socialista. Mais, o senhor quebrou pela primeira vez o consenso nacional que existia sobre o projeto europeu.
Foi sob a sua presidência deste Governo que isso aconteceu.
Mas, mais grave, há poucos meses, em dezembro, o Primeiro-Ministro deu uma entrevista na televisão
dizendo o seguinte: «Nós não precisamos do PS para o período pós-troica». Portanto, a pergunta que lhe faço
é muito simples: quando é que o Primeiro-Ministro descobriu o valor do consenso neste mandato?
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado António José Seguro, creio que não tem razão
em nenhuma das questões que levantou.
Protestos do PS.
O Sr. António José Seguro (PS): — Ficaria surpreendido se ma desse!
O Sr. Primeiro-Ministro: — E vou ilustrar o que acabo de afirmar.