I SÉRIE — NÚMERO 56
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Terceiro: diz o Sr. Deputado que não há uma questão de princípio quanto ao equilíbrio das contas públicas,
porque o Partido Socialista está de acordo que é necessário ter contas equilibradas. De resto, o Partido
Socialista votou, em sinal desse equilíbrio, desse acordo para futuro, o tratado orçamental. Ratificou-o aqui!
O Sr. António José Seguro (PS): — Votou-o, não o ratificou!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas, Sr. Deputado, deixe-me dizer que o seu apoio para esse objetivo do
equilíbrio das contas públicas começou e acabou nesse voto que o Partido Socialista fez do tratado
orçamental, porque até hoje não conseguiu concretizar isso, rigorosamente, com mais medida nenhuma!
Ora, é muito importante que o Sr. Deputado mostre que o Partido Socialista é capaz de ser consequente.
Tem de ser consequente e tem de dizer o que é significa para si o equilíbrio das contas públicas e como é que
significa para o Partido Socialista atingir uma trajetória orçamental que permita que aquilo que o senhor votou
nesse tratado seja atingido até 2017.
É que o Sr. Deputado até hoje proclama que está de acordo com o equilíbrio das contas, mas está sempre
contra todas as medidas que permitem que esse equilíbrio possa ser atingido.
Se o Sr. Deputado não quer fazer isso aqui, no Parlamento, porque manifestamente há demasiado tempo
que lhe pergunto o que é que isso significa para si, qual é o valor que o Sr. Deputado quer obter para essa
trajetória da nossa dívida pública e do nosso défice orçamental, está na altura, Sr. Deputado…
O Sr. António José Seguro (PS): — Quem tem de responder é o senhor! Qual é o valor?
O Sr. Primeiro-Ministro: — O nosso valor está expresso naquilo que são os nossos compromissos
assumidos com a troica.
O Sr. António José Seguro (PS): — Mas qual é?
O Sr. Primeiro-Ministro: — É 4% de défice este ano e 2,5% para o próximo ano, Sr. Deputado. Isso está
no que nós acordámos com os nossos credores internacionais.
Concorda o Sr. Deputado com estas metas ou não? Se concorda com estas metas, que medidas é que o
Sr. Deputado entende que podem assegurar que elas sejam atingidas?
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
É isto que gostaria que o Sr. Deputado dissesse aqui, no Parlamento, ou em conversa com o Governo,
porque conversar com o Governo, Sr. Deputado, não lhe tira nem credibilidade nem votos, pode ter a certeza
disso.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado António José Seguro.
O Sr. António José Seguro (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, percebi que não quis responder
à minha pergunta: «Quando é que descobriu o valor do consenso?» E percebo muito bem porque é que o
senhor não quer responder a essa pergunta.
Mas há uma coisa que lhe devo dizer com total clareza: é que o senhor não fez nenhuma consolidação
sustentável das contas públicas. Nenhuma! É tudo temporário!
Mais: há bem pouco tempo, o senhor disse aos portugueses que, afinal, havia cortes provisórios que
tinham de passar a definitivos. Quais são esses cortes que o senhor quer passar de provisórios a definitivos?
Diga com clareza!
Vozes do PS: — Muito bem!