6 DE MARÇO DE 2014
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Primeiro: diz o Sr. Deputado que as avaliações da troica não valem nada porque são em casa própria. Viu-
se! Foi assim na Grécia!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Na Grécia foi isso que aconteceu, não é verdade? Até hoje, a troica tem
manifestado avaliações positivas, não é? O Sr. Deputado sabe que não é assim. O Sr. Deputado sabe que a
troica faz a avaliação dos diversos programas, vai ajustando, na medida em que é necessário, as metas que a
realidade impõe…
O Sr. José Junqueiro (PS): — Vai ajustando!… Vai ajustando!…
O Sr. Primeiro-Ministro: — Já falaremos disso, Sr. Deputado!
Dizia eu que a troica faz a avaliação dos diversos programas e manifesta as suas observações críticas
quando os objetivos que estão combinados não são atingidos, nomeadamente interrompendo essas
avaliações e mantendo-as suspensas até que os respetivos Estados atinjam os objetivos a que se
propuseram. Isso aconteceu na Grécia, Sr. Deputado. Não aconteceu em Portugal!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Repito: não aconteceu em Portugal! A única vez que, em Portugal, tivemos necessidade de reabrir uma
avaliação foi na sequência de uma decisão do Tribunal Constitucional, que abrangeu uma medida que estava
objetivamente acordada com a troica e que teve de ser reaberta em grande extensão.
Portanto, Sr. Deputado, nunca Portugal foi objeto de suspensão de negociações por parte da troica por as
coisas estarem a correr mal, como sucedeu noutros países. Por isso, a sua primeira afirmação não faz sentido.
Segundo: diz o Sr. Deputado que uma avaliação justa e séria seria diferente. Portanto, sabemos que o
Partido Socialista entende que a troica não faz avaliações nem justas nem sérias, o que é uma boa maneira de
entabular uma conversa com os nossos credores oficiais, sejam eles os nossos parceiros europeus, seja o
Fundo Monetário Internacional.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Eles não fazem avaliações justas nem sérias!… Não posso acompanhá-lo, Sr. Deputado.
Diz o Sr. Deputado: «Bem, mas os senhores tiveram de ajustar várias vezes as metas». É verdade, Sr.
Deputado. Mas não me parecia que isso merecesse a sua objeção ou crítica, porque o Sr. Deputado anda há
dois anos a dizer que é preciso rever essas metas.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Ora, quando as metas foram revistas, o Sr. Deputado também acha mal?! Não
deve achar mal, pois não, Sr. Deputado?
Mas há um aspeto que o Sr. Deputado deveria ter referido e não referiu. É que há uma coisa que não casa
com a realidade: o facto de os pressupostos da negociação feita com a troica terem obrigado a metas
orçamentais que eram irrealistas, Sr. Deputado.
Vozes do PSD: — Bem lembrado!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Eram menos irrealistas do que a última projeção que o Governo do Partido
Socialista tinha feito, mas, ainda assim, é verdade, irrealistas, Sr. Deputado. E fomos nós que tivemos a
possibilidade de as corrigir, e infelizmente não foi com a ajuda do Partido Socialista, como é evidente.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.