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I SÉRIE — NÚMERO 59

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O Sr. Luís Menezes (PSD): — Sr. Deputado Hélder Amaral, tenho pena que só o Sr. Deputado se tenha

dado ao trabalho de ouvir algumas coisas que eu disse da tribuna.

Primeiro, limitei-me a constatar factos. Segundo, fui muito frontal na análise que fiz, e repito o que disse: o

País está a melhorar e os números provam-no, mas isso ainda não se tem traduzido no dia a dia dos

portugueses. Da mesma forma que o País caminhava para um precipício liderado por um governo socialista,

os portugueses não foram sentindo isso no seu dia a dia. Infelizmente, as melhorias só virão com alguma

caminhada que ainda temos de fazer.

Mas isto é ser frontal, isto é ser verdadeiro e é isto que as pessoas querem ouvir de nós. Não é a

fanfarronice política do PS, ainda por cima vinda de quem vem, a dizer que quem não anda a pagar o que

deve é este Governo e esta maioria.

Olhe, Sr. Deputado Pedro Nuno Santos, podia ficar aqui a perder muito tempo. O Sr. Deputado tem agora

no Dr. Diogo Freitas do Amaral, na Dr.ª Manuela Ferreira grandes referências. Ainda bem para si! Espero que

não seja só pelo manifesto. Espero que seja para tudo. Para estas bancadas são referências para muito mais

do que isso que o senhor está a falar.

No entanto, é pena que não tenha dito que o Dr. Silva Lopes, que assinou esse manifesto, nas vossas

jornadas, há menos de um mês, disse que esta é a pior altura possível para reestruturar a dívida.

É pena que não tenha dito que a Dr.ª Teodora Cardoso, que tantas vezes, quando critica o Governo, os

senhores utilizam para atacar o Governo e a maioria, disse que esta reestruturação vem na pior altura possível

para a fazer. Desta vez, já não é uma referência para VV. Ex.as

.

Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Termino dizendo uma frase muito lapidar — e digo-a para os jovens que

nos veem, como disse o Deputado João Oliveira, e para as pessoas que nos ouvem: fazer a dívida, fazer as

estradas, fazer as obras e deixar para os outros pagar é muito fácil, mas no fim do dia aparece sempre o

cobrador com a fatura.

Houve quem deixasse a dívida para pagar. Podem ter a certeza de que este Governo e de que esta maioria

vão cumprir aquilo com que se comprometeram com os portugueses: vão pagar a sua dívida e mandar a troica

daqui para fora! Quem a trouxe foi o Partido Socialista, mas quem a vai mandar embora é esta maioria!

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

A Sr.ª Presidente: — Conclui-se aqui a declaração política do PSD.

A próxima declaração política é do PS.

Tem a palavra o Sr. Deputado João Soares.

O Sr. João Soares (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: A situação que estamos a viver é

extremamente dura e difícil, talvez a mais dura e difícil desde há 40 anos, para Portugal e para a Europa, para

a União Europeia a que pertencemos.

O ideal europeu e o projeto de construção de uma Europa de paz e unida nasceu da destruição

devastadora e do holocausto em que os regimes totalitários, principalmente a Alemanha nazi, deixaram a

Europa em 1945.

Há que não o esquecer. Nunca! Foi nesse fremente dramático que nasceram os ideais europeus de paz,

unidade e solidariedade crescente de que se fizeram os últimos decénios do século passado e o primeiro

deste século, na Europa.

Os progressos, as melhorias materiais e no plano dos direitos humanos fundamentais foram assinaláveis

ao longo desse período, e Portugal deu o seu contributo, há 40 anos, com o início do fim das ditaduras que

restavam na Europa Ocidental.

Vivemos, então, anos de crescente bem-estar na Europa. Hoje estamos muito longe dessa realidade.

Que Europa é esta, insensível aos milhões e milhões de desempregados, vítimas de políticas onde o

pseudocrescimento económico apenas é sentido por uma pequena minoria?

Que Europa é esta, mercantilista e masoquista, que permite aos bancos o financiamento a taxas de juro

irrisórias e obriga os seus Estados membros a pagarem juros elevados, juros esses que provocam mais

desemprego, põem em risco o Estado social e empobrecem a classe média e os trabalhadores?

Que Europa é esta que defende uma austeridade punitiva e cruel, que endeusa os mercados financeiros?