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13 DE MARÇO DE 2014

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Que Europa é esta que deixa morrer à sua porta, todos os dias, dezenas de emigrantes, recusando

friamente o auxílio de que tanto necessitam?

Que Europa é esta que negoceia com ditaduras em troca de petróleo e gás, ignorando violações

constantes e grosseiras dos mais básicos direitos fundamentais?

Que Europa é esta que vê crescer, impotente e indolente, o conflito na Ucrânia sem iniciativas concretas de

política externa?

Que Europa é esta onde a burocracia tomou conta do discurso e do espaço de decisão?

É uma Europa que se deixou arrastar para o marasmo, para o liberalismo económico sem limites e sem lei,

um liberalismo de casino, um liberalismo desumano e decadente que está a provocar o declínio da União

Europeia.

Aplausos do PS.

O PS defendeu sempre, bate-se e bater-se-á pelo regresso a uma Europa solidária, uma Europa mais

unida, sobretudo ao nível político, e onde a política tenha novamente a primazia sobre a finança especulativa.

Mas a burocracia de Bruxelas, tão bem representada pela Comissão Europeia e pelo seu Presidente,

permanece adormecida e insensível ao que se passa dentro e fora das fronteiras da União.

Há quem diga, agora, pretender consensos artificiais, feitos em provetas mais do que quebradas. Este não

é o tempo para esses jogos florentinos. É o tempo que antecede importantes eleições europeias em que vão

confrontar-se pelo menos duas visões opostas da Europa e do seu futuro.

É preciso ter consciência de que existe um perigo cada vez mais real de um ressurgimento em força da

extrema-direita radical, xenófoba e racista. Um pouco por toda a Europa surgem partidos radicais que

defendem o fim de uma Europa unida e solidária. E o que fazem a maioria dos governos nacionais e a

Comissão Europeia? Nada! «Assobiam para o ar», ignoram estes perigos e continuam a defender a

austeridade sobre a austeridade. Os radicais agradecem e alimentam-se do descontentamento da classe

média, cada vez mais sacrificada e empobrecida, cavalgam as crescentes ondas de pobreza e de miséria e

culpam o outro, o estrangeiro, o imigrante.

É contra essa decadência, é contra esta apagada e vil tristeza que devemos lutar. É contra este estado de

coisas que nós, socialistas do PS, temos lutado e vamos continuar a lutar de forma cada vez mais firme.

A economia portuguesa inicia o ano de 2014 com um ligeiro crescimento do produto, assente no

comportamento positivo das exportações e numa assinalável descida dos juros das obrigações soberanas.

O andamento destas duas variáveis está intimamente ligado à conjunção feliz de um enquadramento

menos recessivo das economias de destino das nossas exportações, a par de um esforço titânico dos nossos

empresários para encontrarem novos eixos de destino para os produtos fabricados em Portugal. Empresários

que do Estado viram poucos ou nenhuns incentivos estruturantes e que continuaram confrontados com uma

persistente burocracia, com dificuldades crescentes de acesso ao crédito bancário e com um governo que

persiste numa política de contração do investimento público.

Vozes do PS: — Muito bem!

O Sr. João Soares (PS): — A evolução em baixa das taxa de juro da dívida soberana é um facto comum a

todas as economias mediterrânicas da União Europeia, sem exceção, não sendo — e é preciso dizê-lo com

toda a clareza — um mérito do Governo português, apesar de toda a intoxicação propagandística do Governo,

de uma forma despudorada.

Aplausos do PS.

Este comportamento das taxas de juro decorre simplesmente do facto de o Banco Central Europeu, com o

seu atual Presidente Mario Draghi, ter enviado uma clara mensagem aos especuladores de que defenderia, a

qualquer custo, o euro e ter contrariado as manobras de ataque aos juros das dívidas soberanas dos países

membros mais frágeis, Portugal incluído.