I SÉRIE — NÚMERO 59
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o seu poder de compra esmagado e para que o comércio automóvel, designadamente, possa ter de novo os
números, os indicadores e a realidade que apresentava até há cerca de três/quatro anos.
Nessa altura, venham os Srs. Deputados falar de importações e de balança comercial… É que aquilo que
os senhores apresentam orgulhosamente ao País, no que respeita à balança comercial e ao corte nas
importações, resulta não da substituição de importações por produção nacional mas, sim, da substituição de
importações por restrições ao consumo, à compra, à aquisição e à reparação! Nós temos um parque
automóvel envelhecido, fruto dessa política que estão a levar a cabo, pelo que é preciso um conjunto de
medidas, entre as quais medidas de política fiscal, em que necessariamente se enquadra esta matéria dos
incentivos ao abate de veículos em fim de vida.
E aquilo que se acrescenta — a própria resolução da Assembleia o faz — são outras vertentes dessa
política fiscal, incluindo, por exemplo, o imposto único de circulação e — uma outra questão que é
fundamental, considerando a sociedade que temos — o imposto sobre veículos, relativo à aquisição dos
veículos, designadamente no que diz respeito aos segmentos de gama mais baixa, que são mais acessíveis e
a que a população acaba por recorrer em maior número, nomeadamente aos segmentos A e B —veículos de
menor cilindrada e de mais baixo preço.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Não podemos ignorar a forma como esta medida de incentivo ao abate será estudada e levada a cabo. É
necessário trabalhar de uma forma sensata para garantir a justiça, a justiça fiscal, relativamente a esta
medida.
Mas a questão base, fundamental, é o poder de compra dos portugueses e a capacidade de investimento
das empresas, para que não estejamos a falar de incentivo ao abate quando não há dinheiro para comprar
viaturas nem tão-pouco para as reparar.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Serra.
O Sr. Nuno Serra (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Começo por deixar um cumprimento
especial à ACAP e aos cerca de 6300 cidadãos que subscreveram esta petição, que tem como pretensão
promover uma iniciativa legislativa com vista repor o sistema de incentivos ao abate de veículos em fim de
vida.
Os objetivos deste programa de incentivos, que esteve em vigor até 2010, eram, para além de potenciar o
mercado de vendas de automóveis em Portugal, os de minimizar os efeitos da crise sentida no setor, que se
iniciou em 2003. Mas teve também um contributo significativo na redução dos elevados níveis de sinistralidade
rodoviária, das emissões de CO2 e do consumo de combustível.
Este problema, para além de já ter sido amplamente discutido em vários fóruns, e também na Assembleia,
é um assunto de consideração atual, que foi alvo de um projeto de resolução apresentado pelo PSD, em junho
de 2013.
Esse projeto de resolução manifestava a preocupação dos partidos da maioria no que diz respeito à
adoção de medidas de apoio ao setor automóvel nacional. Uma preocupação substanciada com a queda de
40% do mercado, em 2012, o pior resultado dos últimos 27 anos, e que também explicou uma grande perda
de impostos, por exemplo do imposto sobre veículos.
Esse projeto de resolução recomendava, em primeiro lugar, para além de muitas outras medidas, que se
estudasse a criação de um programa de incentivo ao abate de carros em fim de vida e a autossustentabilidade
dessas medidas, por via das receitas fiscais geradas a partir desse programa.
Já ouvimos o Governo sobre esta causa, matéria para a qual mostrou uma grande sensibilidade. Sabemos
também, como já aqui foi referido, que a ação governativa no espaço orçamental está muito limitada enquanto
estivermos sob o programa de resgate, especificamente no que diz respeito aos incentivos fiscais, que é o que