20 DE MARÇO DE 2014
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O Sr. Luís Montenegro (PSD): — … também agora, independentemente da confrontação política,
devíamos ter a disponibilidade de todos para poder confluir no que é mais importante para a vida quotidiana
das pessoas.
Protestos do PS e do PCP.
Bem sei que há alguns — que estão, de resto, a manifestar-se — que têm uma preocupação excessiva
com as eleições…
Aplausos do PSD e do Deputado do CDS-PP Nuno Magalhães.
O Sr. José Junqueiro (PS): — Vocês é que precisam das eleições!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Esta semana fomos, até, surpreendidos pelo cabeça de lista do Partido
Socialista às próximas eleições europeias, o Deputado Francisco Assis, que dizia, grosso modo, que não há
condições para haver consensos até às eleições legislativas. Só depois, e de preferência se o Partido
Socialista vencer as eleições e se o PSD e o CDS-PP mudarem de lideranças. Era, basicamente, esta a tese
do Deputado Francisco Assis e do Partido Socialista,…
Vozes do PS: — Olhe que não! Olhe que não!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — … o que é duplamente grave, porque, em primeiro lugar, o pressuposto
para haver consenso é que haja eleições — isso é que é o mais importante! — e, depois, para haver
consenso, é preciso que o Partido Socialista seja liderante no Governo. Também isso é o que é mais
importante para haver consensos.
Sr. Primeiro-Ministro, nós não temos essa postura…
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Protestos do PS.
… e aqui nos reafirmamos: apesar de sermos maioritários nesta Câmara e apesar de liderarmos o
Governo, em coligação com o CDS-PP, continuamos disponíveis, quanto aos objetivos fundamentais do País
que afetam a vida das pessoas e dos que vierem a seguir a nós, para podermos encontrar pontos de
entendimento e de compromisso com o Partido Socialista.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Luís Montenegro, como já aqui afirmei mais do
que uma vez, e reitero, a capacidade de uma sociedade política para encontrar pontos de convergência e de
compromisso é um sinal de progresso, de maturidade e de desenvolvimento, e não o contrário. As sociedades
em que as instituições são mais frágeis e em que a radicalização do discurso se torna um impedimento ao
compromisso são normalmente as mais atrasadas e as que impõem aos seus cidadãos custos sociais,
económicos e políticos mais elevados.
Ter a capacidade de, a partir das divergências, conseguir identificar pontos de convergência para o futuro
é, de certa maneira, não apenas sinónimo de inteligência política mas também de capacidade para gerar
confiança no futuro e, portanto, para abrir a esperança à sociedade e não o desespero.
Por essa razão é que o Governo se tem mostrado aberto a compromissos, sabendo bem que lhe cabe
sempre a decisão em matéria de governação. E se há coisa que os portugueses sabem é que este Governo
nunca se eximiu às suas responsabilidades. Portanto, ao contrário do que muitas vezes nos é apontado, o