I SÉRIE — NÚMERO 62
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bancos» — é muitíssimo grave. E quanto mais grave foi aquilo que se passou mais grave se torna que o seu
desfecho seja a prescrição.
Por isso, mais do que este pingue-pongue mediático entre instituições autónomas — e é bom esclarecer
que são instituições sem qualquer tipo de tutela por parte do Governo, portanto absolutamente autónomas —
sobre quem teve ou não mais responsabilidades nesta matéria, importa, com serenidade, e respeitando,
obviamente, o princípio da separação de poderes, ir ao encontro daquilo que os portugueses mais querem,
que é, por um lado, saber o que aconteceu e porque é que aconteceu, mas, sobretudo, evitar que se volte a
repetir. E sobre esta matéria quero ser muito claro: obviamente, haverá, da parte do CDS, como já hoje
mesmo, de manhã, aconteceu em comissões parlamentares, total disponibilidade para que assim seja.
Eram, pois, estas as duas notas prévias que queria deixar, Sr. Primeiro-Ministro.
De resto, a quase dois meses do fim do Programa de Assistência Económica e Financeira, o CDS gostaria
de referir dois temas, que entendemos serem os dois maiores desafios de Portugal, deste Governo, desta
maioria e de todos os responsáveis políticos, que são o crescimento económico e as políticas sociais.
Quanto ao crescimento económico, Sr. Primeiro-Ministro, gostaríamos de assinalar dados publicados nos
últimos dias — hoje mesmo, creio — do INE que dão conta do indicador de atividade económica de janeiro de
2014 e que, quando comparado com janeiro de 2013, registou uma subida de 2,5%, tendo o consumo privado
registado também uma subida de 2,1%, a melhor desde 2010, a melhor desde há quatro anos, a melhor desde
que tínhamos um governo que ainda proclamava que estávamos numa fase de crescimento económico.
Sr. Primeiro-Ministro, isso é importante, não só numericamente mas, sobretudo, porque revela confiança
por parte das famílias, dos investidores, das empresas nas reformas que estão a ser feitas e no caminho
percorrido. E essa confiança, que de resto já aqui foi muitas vezes referenciada, é extensível à OCDE, porque
é preciso ler não só o relatório todo como todos os relatórios da OCDE. Foi a OCDE que, há uma semana,
disse e revelou que o indicador para a economia portuguesa sobe há 20 meses consecutivos, facto que
também não ocorria há bastante tempo, tendo até salientado mais: que Portugal é o sexto país que melhor
cumpre as reformas recomendadas pela própria OCDE. Convém, pois, ler e perceber todos os relatórios que
são publicados pelo mesmo organismo.
E mais uma vez, hoje, o INE referiu que o setor da hotelaria e do turismo registou, em relação ao período
homólogo do ano anterior, um crescimento de 10,1%, com um aumento dos proventos na ordem dos 6,4%.
O Sr. João Oliveira (PCP): — E os trabalhadores com salários em atraso?!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — São, obviamente, notícias animadoras. Estamos a falar de janeiro,
não estamos a falar de nenhuma sazonalidade. Por muito que desagrade a alguns partidos da oposição, há
crescimento num setor estratégico, como é o do turismo.
Sr. Primeiro-Ministro, dei três exemplos, como poderia ter dado muitos mais, que talvez justifiquem a
credibilidade internacional de que o nosso País goza neste momento e que é cada vez maior. De resto, esta
semana pudemos ouvir esse mesmo reconhecimento e essa mesma credibilidade da parte de um responsável
do Governo alemão, que disse: «Portugal está a fazer grandes progressos e está a começar a caminhar pelo
seu próprio pé e parece que a crise económica está a ser superada».
Não, Srs. Deputados, não foi a Sr.ª Angela Merkel quem disse isso; quem o disse foi o Sr. Frank-Walter
Steinmeier, do SPD alemão, família política do Partido Socialista. É bom assinalar este facto.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Sr. Primeiro-Ministro, perante todos estes dados e perante todos estes factos, parece-nos incompreensível
a posição que o PS parece querer assumir em Portugal. O Partido Socialista parece não querer — oxalá esteja
enganado! — contribuir para um compromisso alargado que, mais do que beneficiar este Governo ou esta
maioria, beneficiaria Portugal e os portugueses, com parece ir contra as políticas que são propostas ou
executadas por governos ou partidos da oposição da mesma família política do Partido Socialista Europeu, e
que, quando assumem responsabilidades, num ou noutro lado, defendem não o caminho da Sr.ª Merkle ou do
Sr. Hollande, mas um caminho próprio e comum para a Europa.