I SÉRIE — NÚMERO 64
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O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados:
Creio que a questão aqui hoje em discussão foi colocada nos termos corretos pelo Sr. Deputado Laurentino
Dias. Face ao acórdão do Tribunal Constitucional, que suscitou algumas questões concretas na Lei aprovada
por esta Assembleia, continua ou não a fazer sentido, depois do que ouvimos por parte do movimento
desportivo, do movimento associativo e também naturalmente dos decisores políticos, manter a intenção da
criação de um Tribunal Arbitral do Desporto?
Consideramos que, mesmo face às questões concretas suscitadas pelo Tribunal Constitucional, o Tribunal
Arbitral do Desporto continua a fazer sentido, continua a haver uma forma de o enquadrar, garantindo aquilo
que se quer garantir, nomeadamente a sua eficácia e a resposta aos anseios do mundo associativo. É por isso
que apresentamos aqui este projeto de lei, sem fazermos mais comentários à decisão do Tribunal
Constitucional, que respeitamos.
O que importa realçar nesta questão é que estamos a falar de uma matéria que preocupa há muito vários
dos intervenientes do mundo do desporto, em Portugal. Em boa hora, o Grupo Parlamentar do Partido
Socialista apresentou essa proposta, já nesta Legislatura. O Governo também o fez. Pudemos fazer um
trabalho, que julgo que não devemos agora deitar fora, de auscultar quem quis ser auscultado, de debater
aquilo que era possível ser debatido, de consensualizar e de encontrar um compromisso onde era possível
(nem sempre isso aconteceu), e de apresentar uma proposta final.
Aquilo que agora aqui alteramos em relação às propostas iniciais que aqui aprovámos vai exatamente ao
encontro daquilo que o Tribunal Constitucional, na sua ótica, identificou como problemático na Lei elaborada
pelo Parlamento.
Noto, e com agrado, que o Partido Socialista também sente que esta proposta pode baixar à Comissão.
Por outro lado, reitero aqui as palavras do meu colega do Partido Social Democrata, dizendo que temos
toda a abertura para consensualizar ainda mais, em conjunto com o Partido Socialista e outros partidos da
oposição que o queiram fazer, esta proposta, para que assim ela possa ter o máximo de sustentação
parlamentar, porque sabemos, até pela experiência particular que o Sr. Deputado Laurentino Dias tem, que
essa será uma contribuição que também vem de quem conhece bem o mundo do desporto, como vêm
exatamente os contributos, aqui referidos pelo Sr. Secretário de Estado, Emídio Guerreiro, dos contactos que
o Governo estabelece permanentemente com o mundo do desporto.
Portanto, são também bem-vindos os contributos que poderemos ouvir do Governo, como, aliás, em rigor,
já ouvimos em recente audição com o Sr. Ministro, que contou também com a presença do Sr. Secretário de
Estado.
Posto isto, Srs. Deputados, julgo que o que este debate deve trazer para os intervenientes e,
nomeadamente, para o mundo associativo do desporto é que continua a fazer sentido a existência de um
Tribunal Arbitral do Desporto e continua a haver o compromisso do Parlamento, quer dos grupos
parlamentares da maioria, quer do grupo parlamentar do maior partido da oposição, no sentido de fazer
avançar isso.
Que esta Legislatura não termine nem — faço aqui um desafio — esta sessão legislativa termine sem que
consigamos levar este trabalho a bom porto, como é compromisso desta maioria fazer, oferecendo ao mundo
do desporto aquilo que vem reclamando há muito tempo.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília
Honório.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Após
dois chumbos do Tribunal Constitucional, surge aqui este projeto de lei da maioria, procurando corrigir aquilo
que denunciámos desde a primeira hora como sendo os maiores riscos óbvios de inconstitucionalidade do
diploma.
Mas está na moda que este Governo, quando não consegue ir de uma forma, vai de outra, dando a volta.
Assim, este projeto de lei é a terceira forma possível de resolver o problema do Tribunal Arbitral do Desporto,