27 DE MARÇO DE 2014
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Na verdade, a incapacidade deste Governo de lidar com o Memorando de Entendimento estabelecido com
instituições internacionais para auxiliar o País a alavancar-se para sair da crise que o afetou no quadro da
economia global, levou-o a agravar severamente as medidas ali previstas.
Tal severidade e agravamento introduziram na economia portuguesa fatores de recessão profunda que
vieram prejudicar o desenvolvimento do País e as próprias finanças públicas.
O que o Governo provocou foi uma espécie de efeito de bola de neve invertido, de tal maneira que quanto
mais rola a bola mais matéria perde, em vez de ganhar.
Aplausos do PS.
Com efeito, onde no Memorando se pactuou um crescimento económico positivo de 1,2%, a atingir em
2013, o Governo levou o País para um decréscimo de 1,4% negativos.
Onde se pactuou um crescimento do emprego, para 2013, de 0,4% positivos, o Governo conduziu o País
para um decréscimo de 2,6% negativos, atingindo vergonhosos máximos históricos e o número gravíssimo e
inédito de 16,3 % de desemprego no ano, acumulado com um movimento de emigração populacional sem
precedente recente. Se em 1966, o ano auge, saíram do País 120 230 pessoas, em 2012 deixaram Portugal
121 418 portugueses.
A dívida pública, cuja meta do Memorando foi fixada para o patamar de 105% do PIB para 2013, foi levada
pelo Governo ao roçar dos 130%, aumentando um volume de aproximadamente mais 32 000 milhões de euros
de endividamento do Estado sob a administração Passos Coelho.
O défice público estabelecido para 3% do PIB, dentro da banda de cumprimento dos níveis de estabilidade
estabelecidos no espaço euro, deverá superar os 5% em incumprimento reiterado em 2013.
Perante o falhanço do Governo nas frentes que lhe dizem respeito, não admira que a economia tenha
entrado em anemia e que o investimento tenha caído brutalmente, batendo em baixo, no menor valor desde
sempre — 14,8% do PIB — e que o consumo esteja identicamente em queda, rolando a bola de neve cada
vez mais magra.
O Partido Socialista alertou, desde a primeira hora, para o facto de o crescimento económico ter de ser
uma componente essencial da estratégia do País e de a frente do consumo interno não poder ser desprezada.
Ora, um novo desenvolvimento para Portugal implica, em primeiro lugar, superar a recessão criada por este
Governo em ordem a levar o País a acreditar no seu futuro, a investir na economia e a criar emprego.
No sentido de um novo desenvolvimento, seria importante procurar aliviar a carga da dívida pública para a
Nação, através de medidas de negociação e de mutualização europeia, para um cumprimento integral e
inequívoco, mas mais virtuoso e construtivo.
Seria importante também chamar a Europa a assumir as suas responsabilidades partilhadas nas crises do
desemprego.
Seria importante apoiar e estimular mais a capitalização das empresas.
No sentido de um novo desenvolvimento, seria importante levar à concertação social o aumento da
remuneração mínima nacional,…
Aplausos do PS.
… ou recuperar a lógica inteligente do complemento solidário para idosos, no que respeita às pensões
baixas, como sinais de justiça social e como contributos para a animação do consumo interno.
Seria importante parar a política de cortes cegos de salários e pensões.
Para um novo desenvolvimento seria importante aliviar a carga fiscal do setor da restauração,
nomeadamente em sede de IVA.
Seria ainda importante melhorar mais o IRC para as pequenas empresas e para a atração de investimento
para o interior do País.
Seria importante aproveitar as potencialidades do País, não abandonando as populações do interior, não
fechando inopinadamente os serviços públicos (freguesias, tribunais, finanças, etc.).
Para um novo desenvolvimento, importa não ignorar uma necessária descentralização económica que
pode ser seriamente alavancada pelos fundos comunitários que vão estar à disposição do País.