I SÉRIE — NÚMERO 65
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Pior: o aumento do tempo de trabalho está a refletir-se não só no aumento do desemprego, uma vez que
os serviços da Administração Pública vão contar com menos pessoas para fazer exatamente o mesmo
trabalho, mas também na eficiência e na qualidade dos serviços públicos prestados aos cidadãos, porque
vamos ter menos trabalhadores, mais cansados e menos motivados, a exercer as mesmíssimas funções.
Estamos, assim, diante de mais um contributo deste Governo para promover e fomentar o desemprego,
mais um contributo a somar a outros tantos, como sejam as alterações à legislação laboral do setor privado,
com as quais, aliás, o Governo convida quase os patrões a despedir.
Como é referido pelos peticionários, que, em nome de Os Verdes, aproveito para saudar, nomeadamente o
Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional, que promoveu esta petição, tanto a
Associação Nacional de Municípios Portugueses como a ANAFRE consideram que o aumento do horário de
trabalho não só em nada contribui para o aumento da produtividade como, pelo contrário, lhe está subjacente
significativos encargos decorrentes de reorganizações funcionais dos serviços, que, na verdade, colidem com
o interesse público.
Portanto, resta-nos apenas dizer que acompanhamos de perto as preocupações e as pretensões dos
peticionários.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Aiveca, do Bloco de
Esquerda, para uma intervenção.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Queria também saudar os peticionários da
presente petição, que vem na linha da anteriormente debatida.
Porque o debate é sequencial, gostaria de relembrar ao Sr. Deputado Artur Rêgo que a convergência,
dentro da Administração Pública, para as 35 horas semanais foi efetuada por um decreto-lei de 1998, que teve
uma concretização faseada. Só no ano 2000 é que todos os trabalhadores da Administração Pública tiveram
um horário de 35 horas semanais,…
A Sr.ª Isabel Santos (PS): — Exatamente!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — … porque até então o horário de trabalho variava consoante os lugares
ocupados. Os trabalhadores operários trabalhavam mais do que o técnico superior, e aqui havia uma
discriminação de facto.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Não foi isso que disse! Agora está a acrescentar!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Felizmente, no final do século XX e início do século XXI, os trabalhadores
da Administração Pública entravam num ciclo de modernidade. Tinha-se conseguido equiparar todos os
trabalhadores num horário de trabalho moderno — é disto que se trata.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Não foi isso que disse na sua primeira intervenção!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — O que os senhores querem hoje fazer é um retrocesso civilizacional, não
tem nada de moderno.
Dizem os Deputados do PSD que é sempre difícil aceitar mudanças. O problema é que os senhores estão
a cortar direitos e as vossas mudanças são para pior. Portanto, é sempre difícil aceitar mudanças para pior,
sim senhor, e é tão difícil que essas mudanças são contrapostas, e bem, com a luta. E há de ser pela luta que
a vossa proposta será derrotada.
Acusam-nos também de não citar o Tribunal Constitucional. Eu cito o Tribunal Constitucional: o Tribunal
Constitucional diz, para futuro, que não fica impedida a consagração, por via da negociação coletiva, de
horários inferiores. Ora, o que os senhores estão a fazer é a bloquear os acordos — mais de 190 — na
Secretaria de Estado.
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Não é verdade!