O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 65

58

Pior: o aumento do tempo de trabalho está a refletir-se não só no aumento do desemprego, uma vez que

os serviços da Administração Pública vão contar com menos pessoas para fazer exatamente o mesmo

trabalho, mas também na eficiência e na qualidade dos serviços públicos prestados aos cidadãos, porque

vamos ter menos trabalhadores, mais cansados e menos motivados, a exercer as mesmíssimas funções.

Estamos, assim, diante de mais um contributo deste Governo para promover e fomentar o desemprego,

mais um contributo a somar a outros tantos, como sejam as alterações à legislação laboral do setor privado,

com as quais, aliás, o Governo convida quase os patrões a despedir.

Como é referido pelos peticionários, que, em nome de Os Verdes, aproveito para saudar, nomeadamente o

Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional, que promoveu esta petição, tanto a

Associação Nacional de Municípios Portugueses como a ANAFRE consideram que o aumento do horário de

trabalho não só em nada contribui para o aumento da produtividade como, pelo contrário, lhe está subjacente

significativos encargos decorrentes de reorganizações funcionais dos serviços, que, na verdade, colidem com

o interesse público.

Portanto, resta-nos apenas dizer que acompanhamos de perto as preocupações e as pretensões dos

peticionários.

O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Aiveca, do Bloco de

Esquerda, para uma intervenção.

A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Queria também saudar os peticionários da

presente petição, que vem na linha da anteriormente debatida.

Porque o debate é sequencial, gostaria de relembrar ao Sr. Deputado Artur Rêgo que a convergência,

dentro da Administração Pública, para as 35 horas semanais foi efetuada por um decreto-lei de 1998, que teve

uma concretização faseada. Só no ano 2000 é que todos os trabalhadores da Administração Pública tiveram

um horário de 35 horas semanais,…

A Sr.ª Isabel Santos (PS): — Exatamente!

A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — … porque até então o horário de trabalho variava consoante os lugares

ocupados. Os trabalhadores operários trabalhavam mais do que o técnico superior, e aqui havia uma

discriminação de facto.

O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Não foi isso que disse! Agora está a acrescentar!

A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Felizmente, no final do século XX e início do século XXI, os trabalhadores

da Administração Pública entravam num ciclo de modernidade. Tinha-se conseguido equiparar todos os

trabalhadores num horário de trabalho moderno — é disto que se trata.

O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Não foi isso que disse na sua primeira intervenção!

A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — O que os senhores querem hoje fazer é um retrocesso civilizacional, não

tem nada de moderno.

Dizem os Deputados do PSD que é sempre difícil aceitar mudanças. O problema é que os senhores estão

a cortar direitos e as vossas mudanças são para pior. Portanto, é sempre difícil aceitar mudanças para pior,

sim senhor, e é tão difícil que essas mudanças são contrapostas, e bem, com a luta. E há de ser pela luta que

a vossa proposta será derrotada.

Acusam-nos também de não citar o Tribunal Constitucional. Eu cito o Tribunal Constitucional: o Tribunal

Constitucional diz, para futuro, que não fica impedida a consagração, por via da negociação coletiva, de

horários inferiores. Ora, o que os senhores estão a fazer é a bloquear os acordos — mais de 190 — na

Secretaria de Estado.

O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Não é verdade!