I SÉRIE — NÚMERO 77
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O Sr. João Gonçalves Pereira (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Secretário de Estado, a questão que aqui
me traz tem a ver com a lei e com a reforma da lei do arrendamento.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr. Deputado, o tema de hoje é recursos hídricos!
O Sr. João Gonçalves Pereira (CDS-PP): — Trata-se de uma reforma que estava prevista no Memorando
de Entendimento, assinado pelo Partido Socialista, mas, quando este Governo apresentou a reforma, o Partido
Socialista, que tinha assinado o Memorando, acabou por votar contra, em total incoerência, esta mesma
reforma.
No entanto, quero sublinhar a coragem do Governo e, em particular, da Sr.ª Ministra Assunção Cristas,
prosseguida posteriormente pelo Sr. Ministro Jorge Moreira da Silva. Esta foi, e é, uma reforma que permitiu
criar um verdadeiro mercado de arrendamento, que não existia, e que a lei de 2006 do Partido Socialista não
resolveu. Veja-se: com essa lei do Partido Socialista apenas 3300 rendas foram atualizadas, e hoje milhares
de rendas, por esse País fora, foram atualizadas. O que disse, na altura, a esquerda? Disse que não era a lei
das rendas, era a lei dos despejos!
Protestos do PCP.
Fizeram alarme social em torno dessa lei, que foi uma boa reforma, mas a lei entrou em vigor, não houve
despejos e as rendas acabaram por ser atualizadas.
Protestos do PCP.
Este Governo, três meses depois da entrada em vigor da lei, criou a Comissão de Monitorização da
Reforma do Arrendamento Urbano, que acompanhou e está a acompanhar esta mesma reforma e que
permitirá afinar pequenos aspetos da lei, designadamente naquilo que é o arrendamento comercial e o
arrendamento não habitacional.
A Sr.ª Ministra Assunção Cristas e o Sr. Ministro Jorge Moreira da Silva já admitiram que podiam ter lugar
alterações cirúrgicas à lei do arrendamento, designadamente ao arrendamento comercial.
As questões que lhe coloco, Sr. Secretário de Estado, são as seguintes: o Governo tem ideia de quando é
que serão efetuadas essas alterações pontuais à lei? Quando é que o relatório dessa Comissão estará
terminado? Pode avançar hoje com algumas das medidas que poderão vir a ser alteradas?
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para responder, tem a palavra o Sr. Secretário de Estado do
Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza.
O Sr. Secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza: — Sr.
Presidente, Srs. Deputados, um primeiro ponto que para nós é francamente importante é a forma como
obtivemos a aprovação da Lei de Bases da Política de Ordenamento do Território e de Urbanismo.
Efetivamente, foi um processo bastante longo, participado e precedido de um diagnóstico do que era a
situação do País, com documentos e inúmeros relatórios publicados no site da Direção-Geral do Território. Foi
constituída uma equipa jurídica, um conjunto de especialistas acompanhou o processo, houve um amplo
debate e também aqui, na Assembleia da República, em sede de especialidade, foi feito um conjunto de
audições, foi aberto um canal louvável, que devo, desde já, assinalar, para que qualquer cidadão ou entidade
pudesse participar também.
De facto, foi com pena nossa que, apesar dos nossos esforços, não vimos esta Lei de Bases ser
participada de forma ativa e empenhada pelo Partido Socialista, para que a mesma pudesse responder a uma
solução de consenso e garantir, assim, algo que é incontestável, e já foi aqui referido, que é a dita estabilidade
que a legislação deve ter ao longo do tempo. Teria sido uma oportunidade, que foi perdida, de conseguirmos
esse consenso alargado com o Partido Socialista sobre tão importante tema para o futuro do nosso País.