I SÉRIE — NÚMERO 77
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um interior que paga impostos como o resto do País. Num debate sobre o ordenamento do território, isso
parece não lhes dizer nada.
Sr. Secretário de Estado, o País precisa de um novo ordenamento do território para o interior do País, o
País precisa de um ordenamento do território que promova, efetivamente, a equidade territorial, o País precisa
de um ordenamento do território que pense no interior, que está a ficar sem hospitais, sem repartições de
finanças, sem escolas, sem lojas do cidadão! Esse é que era o debate que o senhor devia aqui trazer.
O Sr. Miguel Freitas (PS): — Muito bem!
O Sr. Ramos Preto (PS): — Nós queremos políticas públicas que demonstrem sensibilidade para com o
interior do País e que promovam a coesão territorial…
O Sr. Miguel Freitas (PS): — Muito bem!
O Sr. Ramos Preto (PS): — … e não uma proposta como esta, que ignora o território nacional e só atende
à faixa costeira.
Neste agendamento potestativo, Sr. Secretário de Estado, pensei que o senhor vinha aqui apresentar-nos o
relatório bianual que o PNPOT (Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território) obriga o
Governo a apresentar à Assembleia da República.
O Sr. Miguel Freitas (PS): — Bem lembrado!
O Sr. Ramos Preto (PS): — Estou à espera desse relatório.
Depois, pensei que o senhor viria aqui apresentar os relatórios de avaliação do estado da arte, que
resultam da lei de bases do ordenamento do território e do urbanismo e que os senhores também nunca
mandaram para a Assembleia da República.
O Sr. João Gonçalves Pereira (CDS-PP): — Estamos à espera das propostas do PS!
O Sr. Ramos Preto (PS): — Então, o que é que o senhor veio aqui fazer, Sr. Secretário de Estado?
O Sr. Miguel Freitas (PS): — Nada!
O Sr. Ramos Preto (PS): — O senhor veio aqui, de mãos vazias, laborar sobre um novo regime jurídico da
urbanização e da edificação, sobre a nova lei do cadastro? Não, Sr. Secretário de Estado, o senhor veio aqui
congratular-se por termos uma nova lei, dizendo que foram ouvidos muitos académicos… Pois é, Sr.
Secretário de Estado, é verdade, foram ouvidos! E esses académicos até fizeram um projeto de proposta de
lei que o Sr. Secretário de Estado tem no seu gabinete e que nunca trouxe à Assembleia da República,
embora esse trabalho tenha sido pago com dinheiros do Estado. A verdade é que nós nunca tivemos acesso a
esse projeto — aliás, os académicos dizem até que é um dos melhores projetos de lei que foi feito sobre
urbanismo.
Os senhores até dizem que só alteraram alguns detalhes nesse projeto de proposta de lei e que
introduziram outros. Só que nos detalhes, Sr. Secretário de Estado, que os senhores retiraram «estava Deus»
e nos detalhes que os senhores introduziram «está o Diabo».
Portanto, o que os senhores fizeram, Sr. Secretário de Estado, foi estraçalhar uma verdadeira lei de bases
do ordenamento do território, alterando a norma principal que definia o regime jurídico dos solos, do
ordenamento do território e do urbanismo e introduzindo uma lei que está agora dependente de um conjunto
de regimes, como o RJUE (Regime Jurídico de Urbanização e Edificação), o RJIGT (Regime Jurídico dos
Instrumentos de Gestão Territorial), a lei do cadastro, dos quais estamos à espera.
Portanto, não nos peça cheques em branco, Sr. Secretário de Estado! O Sr. Ministro disse, na Faculdade
de Direito de Lisboa, que estava disponível para apresentar no Parlamento estes projetos de decreto-lei, quer
ao PS, que se absteve na generalidade, quer aos partidos da oposição, que votaram contra, no sentido de os