26 DE ABRIL DE 2014
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requalificação do espaço público, e à renovação do parque habitacional social existente no plano da eficiência
energética.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Fazenda.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Temos tido um debate estranho, pelo
eu chamava a atenção do Sr. Presidente e da Mesa para ulterior análise em Conferência de Líderes,
porquanto, nos termos do artigo 64.º, n.º 3, do Regimento da Assembleia da República, a marcação unilateral
da ordem do dia por um partido está prevista para uma de duas situações: ou para um debate temático ou
para uma iniciativa legislativa. Portanto, não é para um misto das duas coisas, isso não existe no Regimento.
Temos, pois, tido aqui um debate compósito, estranho, inadequado, onde se fala de arrendamento, de
reabilitação, da lei de bases da política dos solos, da lei de bases do ambiente, quando a única iniciativa
legislativa para a qual, se os requerentes o entenderem, seremos chamados a votar é uma lei acerca da
titularidade dos recursos hídricos.
Há, pois, um entorse à organização dos trabalhos parlamentares que manifestamente não beneficia o
debate, o diálogo político, nem sequer a capacidade do contraditório, porque num momento está-se a falar da
titularidade dos recursos hídricos e noutro está-se a falar do programa JESSICA, o que não tem nada a ver.
Portanto, creio haver uma menorização imposta pela maioria ao Plenário pela qual deveria haver o
correspondente mea culpa, porque isto não é regimental, não é um debate adequado, não é sequer um debate
politicamente sério.
Sr. Presidente, vou falar da iniciativa legislativa que está em debate, porque essa, se os requerentes o
entenderem, teremos de votar.
Sobre isso gostaria de dizer ao Sr. Secretário de Estado, que eventualmente apoia esta iniciativa da
maioria, que esta é uma questão longa, que atravessou muitos regimes políticos, durante mais de 150 anos,
desde a monarquia constitucional, passando pela I República, pelo fascismo, por 40 anos de democracia, e,
no entanto, este problema não está resolvido, tem transitado de regime para regime.
Isso não quer dizer, obviamente, que a circunstância é a mesma que era há 150 anos, porque não é. A
edificabilidade, a alteração dos espaços físicos, a modificação de interesses económicos, as migrações, a
densidade populacional, a utilização dos espaços circundantes, tudo isso se alterou bastante, no entanto o
problema subsiste. Há uma disputa entre a titularidade privada e aquilo que é domínio público e o problema
que vinha enunciado na lei que agora se pretende alterar é o de delimitar qual é realmente o domínio público.
Percebendo que, ao longo de mais de 150 anos, não se resolveu este problema, creio que alguma
sensatez política aconselha a que nós tomemos um caminho de algum experimentalismo e uma resolução
mais gradativa para este problema.
Portanto, a questão que de imediato se nos coloca não é a do prazo, mas a da solução. Não vale a pena
impor prazo sobre prazo se esses prazos forem meramente uma desculpa do regime para não resolver um
problema. Mas creio que poderíamos discutir à volta do que consideramos ser o interesse público: se é
margens dos leitos, se é margens costeiras, se é situações de leitos de lagos, de lagoas, enfim toda essa
multiplicidade de situações. Qual é o interesse público? Como é que se garante o interesse público? Como é
que se garante a proteção ambiental? Como é que se garante a proteção de bens? Como é que se garante a
minimização do risco? Portanto, vamos ter de discutir o interesse público, e se ao discutirmos aqui a
titularidade dos recursos hídricos conseguirmos discutir uma graduação daquilo que significa o interesse
público eu creio que seria um bom avanço.
Não basta dizer que há um regime e que há servidões administrativas, porque os problemas que se
colocam, desde a erosão costeira até à situação das albufeiras, são vastíssimos e complexos, pelo que eles
não se podem resolver assim de uma penada.
Creio que se o PSD estiver aberto a discutir o que são o interesse público e o domínio público nestas
circunstâncias teremos alguma coisa a ganhar. Talvez isso ajude a resolver melhor os problemas da
delimitação do domínio público e do que consideramos que é aceitável ou não do ponto de vista da titularidade
privada.