26 DE ABRIL DE 2014
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O Sr. Presidente (António Filipe): — Para responder, tem a palavra o Sr. Secretário de Estado do
Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza.
O Sr. Secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza: — Sr.
Presidente, Srs. Deputados, relativamente às questões e aos comentários do Sr. Deputado Ramos Preto, julgo
que há alguns esclarecimentos que são necessários dar até porque julgo que apenas quem não acompanhou
a discussão e o debate em torno da construção da lei de bases é que pode referir que a mesma não pretende
dar resposta aos desafios colocados pela coesão territorial, pelos problemas que o interior do País enfrenta e
pela equidade na distribuição de recursos e na sua aplicação no nosso território. Essa é uma das questões em
que colocamos maior enfase nesta, a que chamamos, reforma do ordenamento do território.
Dou apenas alguns exemplos para concretizar e para não ficarmos pelas palavras e discursos redondos,
como dizem: no âmbito do RJIGT, como já foi anunciado, temos medidas concretas através de um modelo
económico-financeiro em que se pretende fazer uma redistribuição de prejuízos e benefícios
supramunicipalmente, de forma a que o território do interior do nosso País, que maioritariamente possui um
elevado património natural de biodiversidade a proteger e a preservar, consiga, de alguma forma, ver esse
património devidamente remunerado para promover, de forma efetiva e eficaz, a sua coesão e a sua
sustentabilidade a longo prazo.
Por outro lado, estamos, neste momento, prestes a terminar, para que seja apresentada publicamente, a lei
do cadastro, algo que é há décadas referido como um constrangimento, porque apenas conhecendo o
território será possível gerir esse território.
Portanto, é com dificuldade que ouço dizer que a nossa reforma do ordenamento do território é uma
reforma virada para o litoral e que esqueceu o interior do País. Apenas quem não conhece o trabalho que tem
vindo a ser desenvolvido pode dizer isto.
Mais: quando falamos na revitalização dos centros urbanos, na reabilitação urbana, só quem não conhece
as cidades do interior do País pode achar que isso também não é importante para o interior do País.
Quanto às outras questões que colocou, posso dizer-lhe, neste momento, que está a ser elaborada a
avaliação do programa de ação do PNPOT e, portanto, também muito em breve este será conhecido.
Para terminar, gostaria de deixar uma nota sobre o discurso em torno da equipa jurídica e do maior ou
menor afastamento que existe entre o trabalho que foi apresentado e discutido, e posteriormente aprovado, e
o que foi a proposta desta equipa jurídica.
Nós dissemos, e mantemos, que a nossa proposta de lei de bases assenta no trabalho desta equipa
jurídica: Não sei se o Sr. Deputado António Ramos Preto reparou mas o que disse foi que alterámos alguns
detalhes. Do nosso ponto de vista, melhorámos alguns detalhes desta proposta de lei de bases, mas sendo
detalhes, como o Sr. Deputado muito bem disse, julgo que os detalhes podem ser debatidos, podem ser
discutidos e permitir que houvesse uma solução de consenso relativamente a esta lei de bases.
Quanto aos regimes complementares, certamente podem dizer-nos que já podiam estar cá. Sim, poderiam
estar, mas há um pequeno pormenor a ter em conta: os regimes complementares têm de ser construídos face
à lei de bases que foi aprovada. Como tal, os seus princípios foram conhecidos, e o seu conteúdo será muito
em breve apresentado com detalhe. Necessitávamos da aprovação da lei de bases para poder fazer esse
trabalho e também para respeitar o trabalho da Assembleia da República.
Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, agradeço as questões que colocou no âmbito da lei do arrendamento
urbano e gostaria de lhe dizer que uma das razões que levou à criação da comissão de monitorização da
reforma do arrendamento urbano, que junta proprietários, inquilinos e outras entidades do setor, é
precisamente acompanhar o que aconteceu após a entrada em vigor desta lei. Nós aguardamos o relatório e
quando o conhecermos cá estaremos para discutirmos se é ou não necessário fazer alguns ajustamentos.
Quanto à desarticulação entre as leis de bases do mar, ambiente e solos, não poderei fazer nada para
alterar o seu entendimento, Sr.ª Deputada, mas posso garantir-lhe que no Governo essa articulação existe. As
leis de bases, apesar de serem várias, têm todas elas uma linha comum, que é seguir o programa deste
Governo.
Quanto à coesão territorial, já respondi na questão anterior, pelo que não vou voltar a responder.