I SÉRIE — NÚMERO 88
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República, oportuna e atempadamente, esta discussão. E se esta tomada de posição não aconteceu mais
cedo é porque, se calhar, a disponibilidade que, em dado momento, alguns partidos da oposição
demonstraram, e bem, em apresentar propostas não foi concretizada no tempo e no momento oportuno.
Diga-se, em abono da verdade, que o Governo andou bem por transformar a autorização legislativa e o
anteprojeto de decreto-lei numa proposta de lei para agora também podermos recolher contributos e introduzir
melhoramentos na especialidade. Procuraremos, com isso, contribuir para uma solução ainda mais
concretizada, porque temos a convicção de que nesta matéria, como noutras, se demonstra que existe uma
lógica de termos uma política energética que defenda os consumidores, que defenda os operadores de
mercado e que não exista uma luta ideológica e dogmática que ponha em causa o princípio da existência de
uma economia de mercado liberalizada mas devidamente regulada.
Não nos podemos esquecer que foi este Governo que criou a Entidade Nacional para o Mercado de
Combustíveis, que está a monitorizar e que irá permitir fazer o acompanhamento daquilo que é o
funcionamento e a operação no mercado.
Portanto, queremos deixar bem claro que felicitamos o Governo não só por ter a disponibilidade, a coragem
e a audácia de, desde há muito, lutar pela defesa do consumidor e pela defesa de um mercado de
combustíveis…
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Veja lá o resultado que tem dado!
O Sr. Nuno Filipe Matias (PSD): — … mais regulado, em que a informação sobre a formação dos preços
nesta matéria seja mais completa, mas também por ter apresentado esta proposta.
Efetivamente, esta proposta tem vários méritos. Em primeiro lugar, porque, não só na questão da escala,
procura salvaguardar, ainda assim, a opção livre dos operadores de quererem ou não optar pela solução, mas
também por garantir que, com este diploma, vamos ter a oportunidade de disseminar no território o acesso a
combustíveis não aditivados. Manifestamente, e ao contrário de outros, que anunciam e criticam o facto de
apenas agora supostamente se estar a fazer a discussão…
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Sr. Deputado, queira terminar.
O Sr. Nuno Filipe Matias (PSD): — Para terminar, direi que, ao contrário desses, o Governo teve a
coragem de anunciar, de pôr à discussão, de estar disponível para discutir, para debater e com isso construir a
solução que apresenta formalmente nesta Casa. Isso faz toda a diferença.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Hélder
Amaral.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados,
gostaria de começar por uma declaração de princípio sobre esta matéria: o CDS entende que deve continuar a
pugnar por um mercado liberal e livre e, portanto, rejeita liminarmente a proposta do Bloco de Esquerda.
Queremos proteger a livre iniciativa.
O que sempre defendemos é uma regulação forte e um Estado forte e, por isso, sempre exigimos à
Autoridade da Concorrência que, dentro das possibilidades, combatesse a falta de informação ao consumidor
sobre o preço dos combustíveis, aquilo que eram sinais de concertação ou de monopólios locais ou oligopólios
e aquilo que eram algumas distorções do mercado. Queremos um mercado saudável e verdadeiramente
concorrencial, pelo que aplaudimos o Governo por ter criado a nova Entidade Nacional para o Mercado de
Combustíveis.
Queremos acreditar que vem aí um reforço da informação ao consumidor, da transparência, e, ainda assim,
daquele que é o necessário acompanhamento de um setor que tem bastantes particularidades.