30 DE MAIO DE 2014
39
contra a livre iniciativa, contra a especulação, coragem é ir contra as grandes empresas, que têm práticas
oligopolísticas e prejudicam a economia por isso. Isso é que é coragem. Coragem é ir contra os interesses
económicos.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Peço-lhe que conclua, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Termino já, Sr. Presidente.
Não vale a pena confundir isso com o estar contra a livre iniciativa, nem vale a pena confundir isso com
medidas paliativas de informações que nunca são vinculativas, são sempre referenciais e que, no fundo, não
mudam nada.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma nova intervenção, tem a palavra o Sr. Secretário de
Estado da Energia.
O Sr. Secretário de Estado da Energia: — Sr. Presidente, Srs. Deputados, gostaria de acrescentar algo
ao debate.
Em primeiro lugar, registo que há um enorme consenso político entre as diferentes forças políticas sobre o
diagnóstico de que é preciso melhorar o funcionamento do mercado de combustíveis e de que é preciso
trabalhar e produzir normas novas sobre essa matéria.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Até aí tudo bem!
O Sr. Secretário de Estado da Energia: — O Governo está empenhado nisso, registo esse consenso e
estamos cá para trabalhar nesse sentido.
Sobre o tema das exclusões, registo também o que foi dito no sentido de que é preciso haver um equilíbrio
entre as obrigações que impomos aos diferentes postos de combustíveis e algum efeito negativo que possa ter
sobre essa atividade, designadamente alguma perturbação ou obras que possam ter de ser feitas, e uma
obrigação que não traduz nem acarreta qualquer custo para quem tem dimensão suficiente para veicular o
combustível.
O equilíbrio que está nesta proposta de lei é exatamente aquele que resultou da auscultação dos diferentes
interessados, mas pode ser sempre melhorado e adaptado àquilo que for avançado em termos de debate.
Sobre a questão das obrigações de venda e dos contratos entre fornecedores e a questão de a ANAREC
ter ou não sido ouvida, devo dizer que emitiu parecer e foi consultada, simplesmente o Governo não
concordou com a ANAREC.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Como está à vista!
O Sr. Secretário de Estado da Energia: — Portanto, não vamos confundir ouvir a ANAREC com
concordar com a ANAREC.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Concorda com as petrolíferas!
O Sr. Secretário de Estado da Energia: — Ouvir é uma coisa, concordar é outra. E há uma norma na
legislação que diz que a preocupação que a ANAREC transmitiu hoje nas notícias não faz sentido; as
cláusulas do contrato que violem a lei são nulas e não podem ser perturbadoras do cumprimento do processo
legislativo.
Em relação à existência de preços administrativos, como também foi referido aqui por alguns Srs.
Deputados, o Governo pensa que essa deve ser uma situação sempre de último recurso, uma vez que
considera que a intervenção direta na economia em termos de preços só pode existir em situações
absolutamente extremas de funcionamento do mercado.