30 DE MAIO DE 2014
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Mas isso fere em alguma coisa a proposta do Governo em relação a esses princípios? Não. O Sr.
Secretário de Estado chamou à proposta de lei «adequada» e «equilibrada», e eu queria dizer que é
exatamente isso.
É adequada porque corresponde ao que estava previsto no Programa do Governo, isto é, nós queremos a
defesa do consumidor, queremos que o consumidor, independentemente da situação geográfica em que se
encontre, tenha acesso, em igualdade de condições, a combustíveis mais baratos.
Tem, também, uma outra caraterística importante: vem proteger os custos das empresas, das famílias e
das entidades públicas ao terem acesso a um combustível mais barato, combustível não aditivado. Mas não
fere o direito das marcas e dos operadores em criarem inovação, criarem valor em produtos aditivados que
trazem benefícios ao consumidor. E se o consumidor, livremente, quiser optar pela compra desse combustível
pode fazê-lo. Portanto, julgo que estão salvaguardados um conjunto de princípios.
Mas devemos fazer um pouco mais para proteger a relação entre distribuidores e comercializadores? Claro
que sim! Devemos potenciar melhor o mercado, dando-lhe mais transparência, dando mais informação ao
consumidor e abolir regras para que aqueles que queiram aceder a combustíveis mais baratos o possam fazer
aumentando a percentagem dos combustíveis low cost que já existem nas grandes superfícies? Claro que sim.
Portanto, nessa perspetiva, estamos disponíveis para, em sede de especialidade, encontrar ajustamentos
que não ponham em causa nem a livre iniciativa nem o direito de opção de quem quer que seja de
comercializar e vender o que entender, mas podemos, obviamente, ter um Estado regulador, um Estado que
pode introduzir no mercado algumas regras. Por exemplo, na indicação do preço de referência, as condições
que estão propostas são condições que, de facto, vão nesse sentido.
Portanto, se conseguirmos proteger as marcas, os distribuidores, mas também proteger e tornar mais clara
a formação de preços, a indicação daquilo que são cláusulas abusivas nos contratos e todas as matérias que
agora não tenho tempo para abordar mas que têm sido aqui chamadas à colação, julgo que estamos no bom
sentido.
Esta proposta de lei faz exatamente isso, pois responde a um pedido e a um desejo do Partido Socialista,
que, na hora da verdade, não esteve presente no debate. Veremos se agora, não com mais um grupo de
trabalho, mas com propostas concretas, vai ao encontro do Partido Socialista. A matéria está muito estudada,
todos nós sabemos exatamente o que queremos e todos temos muito definido o que queremos nesta matéria.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Termino, Sr. Presidente, dizendo que, de facto, não haverá dificuldade
de, em tempo útil, rapidamente, em benefício dos consumidores, criarmos um instrumento que possa equilibrar
a correlação de forças e trazer benefícios à economia portuguesa.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governos, Sr.as
e Srs. Deputados: Uma nota
prévia sobre a velocidade com que esta proposta de lei aqui chegou. De facto, há anos que andamos a ouvir
anúncios da vinda deste diploma, há meses que ouvimos e lemos sobre um anteprojeto e a proposta hoje
chegou cá. É extraordinário como este Governo é tão rápido a aumentar a impostos e a cortar salários e
reformas e depois demora tanto tempo a legislar sobre a venda de combustíveis a preços mais baixos.
O Sr. João Oliveira (PCP): — É um facto!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Diz o povo que «depressa e bem há pouco quem», mas o que aqui temos é
«devagar e mal», porque uma proposta de lei como esta mais propriamente se poderia chamar de regime
jurídico da exclusão da venda de combustíveis simples.
É que o Governo fala de uma venda obrigatória de combustíveis simples, vulgo low cost, mas aquilo que o
Governo apresenta é uma proposta que apenas se aplica aos postos de combustíveis que venham a ser