I SÉRIE — NÚMERO 95
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Ora, esses cortes resultaram numa destruição da economia, num empobrecimento do País, em mais
desemprego e em deitar por terra a qualidade de vida que os portugueses construíram durante décadas. Ora,
2012 é esse o espelho de uma governação mais vocacionada para empobrecer do que para resolver os
problemas do País ou para o fazer.
O exemplo que dou é o da dívida pública. Também a dívida pública subiu, em 2012, para lá do que era
previsto, quer pelo Governo, quer pelo Programa de Ajustamento, anteriormente.
Ora, provou-se, então, que todos os sacrifícios para corrigir a dívida não valeram de facto a pena, porque a
dívida aumentou e os sacrifícios vieram sempre em dobro, cada vez mais, a cada ano que passou, com este
Governo.
Sr. Presidente, termino dizendo que votamos contra a Conta Geral do Estado naquela que é a sua escolha
política, sabendo que havia alternativas que protegessem as pessoas e não que colocassem os interesses das
finanças e dos grandes grupos económicos acima da proteção que era devida às pessoas que vivem e
trabalham neste País.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Cristóvão
Crespo.
O Sr. Cristóvão Crespo (PSD): — Sr. Presidente, Sr.ª e Sr. Secretário de Estado, Sr.as
e Srs. Deputados:
O ano de 2012 marcou definitivamente o reganhar de credibilidade do País perante os credores internacionais,
num contexto de extrema dificuldade quer interna quer externa. Dificuldade interna porque o País perdeu a
capacidade de se financiar em mercado aberto. Dificuldade externa porque ocorreu uma forte desaceleração
da economia mundial, em particular da União Europeia e da zona euro.
Mais uma vez os partidos da maioria foram chamados a responder a uma situação de emergência de que
não foram os causadores. Foi assim em 2002, depois de um Governo socialista ter deixado o País à beira do
pântano. Foi assim em 2011, depois de um Governo socialista ter deixado o País à beira da bancarrota.
Por outro lado, verificou-se o alargamento do perímetro orçamental do Orçamento do Estado e da Conta
Geral do Estado, reclassificando 53 entidades públicas no setor dos serviços e fundos autónomos.
Citando o parecer da UTAO, o ano de 2012 «foi marcado pela continuação da recessão da economia
portuguesa, num contexto de abrandamento da economia mundial e de recessão na área do euro. Este
contexto macroeconómico demonstrou-se mais adverso do que o inicialmente previsto, o que terá motivado a
revisão de alguns dos objetivos orçamentais estabelecidos no âmbito da assistência financeira da União
Europeia e do Fundo Monetário Internacional».
A nível internacional a economia mundial registou, em 2012, uma desaceleração face a 2010 e a 2011.
A zona euro entrou em recessão, registando-se uma retração do PIB de 0,6%, tendência similar ao
conjunto da União Europeia, cuja retração correspondeu a 0,3%.
Apesar destes constrangimentos, verificámos, em 2012, na Administração Pública, que o saldo global
(ajustado) melhorou face a 2011.
Em 2012, o saldo global, em termos ajustados, registou uma melhoria em 0,3 pontos percentuais do PIB,
face a 2011, a qual resulta, em valor nominal, numa redução de 854 milhões de euros.
Olhando para a despesa, regista-se uma execução no subsetor Estado superior ao previsto inicialmente,
resultante sobretudo das verbas atribuídas ao Serviço Nacional de Saúde para efeitos de regularização de
dívidas de anos anteriores, quase a atingir os 2000 milhões de euros.
De destacar ainda a rubrica Juros e Outros Encargos, cuja execução ficou aquém do inicialmente previsto
em cerca de 1100 milhões de euros, justificada pela poupança dos encargos inerentes ao mecanismo de apoio
financeiro a Portugal, algo que o País ganhou exatamente por esta credibilidade.
O saldo global das entidades públicas reclassificadas foi negativo no valor de 834 milhões de euros, em
2012, justificado essencialmente e em grande medida pelo investimento para a cobertura das despesas da
Estradas de Portugal, SA e da Parque Escolar, EPE, bem como para pagamento de juros e outros encargos
financeiros.