19 DE JUNHO DE 2014
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A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — É que a resposta é confusa, Sr. Deputado. É esse exatamente o meu
ponto!
O Sr. Adão Silva (PSD): — A apresentação também não é clara!
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Na mesma data, dezembro de 2010 a julho de 2013, estava
desempregada à procura de novo emprego; de 4 de julho de 2013 e 20 de agosto de 2013, ou seja, durante 34
dias, estava integrada num programa de emprego e formação profissional; de 20 de agosto de 2013 a 19 de
novembro de 2013 estava de novo desempregada à procura de emprego; de 19 de novembro de 2013 a 19 de
dezembro do mesmo ano estava de novo num programa de emprego e formação profissional, desta vez por
23 dias, passando a estar desde dezembro de 2013 de novo numa situação de desempregada à procura de
emprego até à data em que pediu a declaração e até aos dias de hoje.
O que quer dizer esta resposta, Sr. Ministro? Quer dizer que para o IEFP a participação desta cidadã, que
está, de facto, desempregada desde 2010, em duas curtas ações de formação — e, repito, duas ações de
formação de 23 dias e de 34 dias, sendo uma de ensino do espanhol —, transformam esta desempregada de
longa duração numa desempregada.
Dito de outra forma: uma desempregada há mais de três anos, com este sistema de registo do IEFP, passa
a ser declarada como desempregada a seis meses e longe da situação de desemprego de longa duração de
há mais de três anos.
Não venha dizer, Sr. Ministro, que esta resposta não tem efeito na vida das pessoas, porque a verdade é
que esta resposta impediu esta cidadã de poder mobilizar recursos financeiros para lidar de uma forma mais
fácil com a situação difícil de quem não tem rendimento há demasiado tempo.
A responsabilidade desta resposta e deste ofício, obviamente, não é diretamente do Sr. Ministro, mas o Sr.
Ministro tutela o IEFP e, portanto, coloco-lhe duas perguntas muitas rápidas: primeira, acha que esta é a forma
adequada de responder a esta cidadã, sendo que esta resposta a impediu de aceder a um direito que é seu
como desempregada de longa duração?
Segunda, acha que enviar esta desempregada de longa duração para duas curtíssimas ações de
formação, sendo que o IEFP — e os registos assim o dizem — tem aumentado as ações de formação à custa
do aumento exponencial das curtas ações de formação, é a forma que o seu Governo encontra para
responder ao grave problema do desemprego de longa duração?
Sr. Ministro, acha que esta é a forma correta de investir recursos para travar um flagelo cada vez maior em
Portugal, o desemprego de longa duração, de muitas destas pessoas que quanto mais longe estão do
emprego mais dificilmente voltarão a integrar o mercado de trabalho?
O Sr. Ministro falou na ambição das suas políticas e eu pergunto-lhe, Sr. Ministro, se o que retrata este
ofício retrata a sua ambição enquanto Ministro com a pasta do trabalho.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Machado.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Sr. Ministro,
o mundo cor-de-rosa que transmitiu na sua intervenção, pura e simplesmente, não tem qualquer
correspondência com a realidade. Aliás, a sua intervenção foi um verdadeiro insultos aos milhares de
portugueses que vivem o drama do desemprego, aos milhares de precários que existem no nosso País e foi
um insulto aos mais de 350 000 portugueses que foram obrigados a emigrar por culpa de opções políticas
deste Governo.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr. Ministro, não é a segmentação ou a dita rigidez do mercado de
trabalho que promove a precariedade, são as opções do Governo que promovem a precariedade. Ao contrário