I SÉRIE — NÚMERO 96
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do que dizem o Governo e o Sr. Ministro nunca foi nem é intenção do Governo combater a precariedade
laboral no nosso País.
Vozes do PCP: — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — O facto de ser o próprio Governo a promover a precariedade nos
diferentes ministérios, nos diferentes órgãos e serviços da Administração Pública prova isso mesmo.
O Governo, na pessoa do Sr. Ministro, que diz que quer combater a precariedade laboral é, ao mesmo
tempo, o ministro que no seu próprio ministério mantém no IEFP centenas de professores com falsos recibos
verdes.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — O Sr. Ministro diz que quer combater a precariedade, mas é o IEFP, que o
Sr. Ministro tutela, que coloca mais de 68 000 desempregados a trabalhar de graça em diferentes serviços
públicos para desempenharem tarefas permanentes por via dos ditos contratos emprego-inserção.
Por muito que diga que quer combater a precariedade, a verdade é que é o Governo que a promove com
milhares de estágios para funções e tarefas permanentes, mantendo a ilusão de um possível ingresso na
Administração Pública mas sabendo muito bem que esse ingresso depende de concurso e que não há
concursos para admissão de trabalhadores.
O Sr. Ministro fala de combate à precariedade, mas a realidade é que há mais de 63 000 trabalhadores
com contrato a termo na Administração Pública e milhares de trabalhadores com outas formas de trabalho
precário.
A verdade é que o Governo PSD/CDS-PP nunca quis combater a precariedade; antes pelo contrário, o
Governo promove, direta e indiretamente, a precariedade no sector público e no setor privado para, num
processo de substituição de trabalhadores com direitos por trabalhadores sem direitos, agravar a exploração
de quem trabalha.
Esta é a verdadeira opção política deste Governo de desgraça nacional e não o que acabou de dizer.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (OS Verdes): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs.
Deputados: O Sr. Ministro falou na sua intervenção da segmentação do mercado de trabalho, das
oportunidades preenchidas, das políticas ativas para empregos sólidos, mas sobre a precariedade disse muito
pouco. Aliás, disse tão pouco que até parece que a precariedade não é um problema, não existe em Portugal,
para o Governo parece que não é problema.
Sucede que todos os estudos e todos os relatórios de diferentes entidades, como seja a Organização
Internacional do Trabalho ou até o Eurostat, não só colocam Portugal nos lugares cimeiros ao nível da
precariedade laboral como destacam, claramente, que esta é uma realidade que tem vindo a ganhar peso e a
assumir proporções crescentes, uma realidade que, aliás, ganhou uma nova dimensão com as políticas, com
as medidas e com as opções deste Governo, políticas que estão a contribuir para aumentar o desemprego,
que estão a deixar milhares e milhares de desempregados sem qualquer apoio social e que estão a
generalizar a precariedade.
Há um esforço, há uma tentativa para tornar a precariedade a regra das relações laborais e o Estado, que
devia dar o exemplo no cumprimento da lei, está a entrar no jogo.
Segundo dados do próprio Governo, divulgados pela Direção-Geral da Administração Pública, as formas
precárias de trabalho duplicaram em 2013. O Estado tinha, em 2013, mais de 27 000 pessoas a trabalhar de
forma precária, enquanto que em 2012 tínhamos 11 000 casos, ou seja, houve um aumento absolutamente
inadmissível.