I SÉRIE — NÚMERO 102
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Aplausos do PCP.
É ou não verdade que os cortes nos salários, nas pensões, nas reformas, a carga brutal de impostos, o
congelamento e a desvalorização do salário mínimo nacional empurraram centenas de milhares de
trabalhadores, reformados e pensionistas para o limiar da pobreza ou mesmo para a pobreza?
Para onde foi o dinheiro que sacaram a quem trabalha ou a quem trabalhou? Quanto foi transferido para o
capital financeiro? Diga, para vermos o estado da Nação!
Vozes do PCP: — Exatamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — E admira-se o Sr. Primeiro-Ministro da quebra da taxa de natalidade
que se verifica no nosso País, quando, hoje, as novas gerações veem o seu futuro tão incerto e tão sem
futuro!?
É ou não verdade que, hoje, as populações, particularmente as do interior, ao verem encerrados a unidade
de saúde, o hospital, a escola, os correios, o tribunal sentem que vão piorar as suas condições de vida e que
são discriminadas já não só em relação à sua origem social mas também em relação ao sítio onde nascem,
onde crescem, onde vivem e onde trabalham?
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — A propósito, Sr. Primeiro-Ministro, permita-me, tendo em conta a
homenagem de hoje a Sophia de Mello Breyner, que lhe pergunte: que sincera homenagem pode este
Governo fazer a esta figura ímpar, na medida em que este Governo trata a cultura como um encargo, como
uma despesa, prejudicando a cultura, os seus criadores, os seus agentes?
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
Dir-me-á, Sr. Primeiro-Ministro, que tivemos de ficar pior para ficar melhor. Apontará, como já o fez, o dedo
à bancada do PS ou até a Governos anteriores do seu partido. Alguma razão terá! Mas estamos melhor?
Ficámos melhor? Como assim, Sr. Primeiro-Ministro?! Como assim?! É capaz de voltar a afirmar que tivemos
uma saída limpa, que nos libertámos da troica e das amarras externas e das políticas de austeridade?
Acha, Sr. Primeiro-Ministro, que o Banco de Portugal está errado quando afirma que até 2019 é preciso
mais austeridade de 7000 milhões de euros? Acha que está certo o exercício do Presidente da República
quando profetiza a austeridade até, pelo menos, 2030?
O Sr. João Oliveira (PCP): — É verdade!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — A traço rude, eis, Sr. Primeiro-Ministro, o estado da Nação.
Sabemos que o Sr. Primeiro-Ministro lida mal com os factos ou procura distorcê-los.
Queria terminar com esta ideia: há quem considere que este Governo é incompetente. Nós consideramos
que não. Não é uma questão de incompetência, é uma questão de opção.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Desde o princípio do seu Governo que, mais do que a exploração e o
empobrecimento dos portugueses, que são uma consequência da vossa política, foi sempre, desde a primeira
hora, um objetivo central deste Governo aumentar a exploração e o empobrecimento dos portugueses. Por
isso, os senhores têm menos vida do que pensam e estão derrotados, tendo em conta o vosso isolamento
social, o vosso isolamento político e até o vosso isolamento eleitoral.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.