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I SÉRIE — NÚMERO 102

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Diz também o Sr. Deputado que é preciso recuar aos tempos da 2.ª Grande Guerra para observar uma

contração da nossa riqueza, do Produto Interno Bruto acumulado de 6 pontos percentuais.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sim, 6%!

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Deputado, não fui ver, mas não tenho grandes dúvidas de que o Sr.

Deputado deve ter razão.

Sr. Deputado, a Irlanda perdeu cerca de 10 pontos percentuais, talvez um pouco mais, em termos

acumulados desde que a crise financeira eclodiu e a Grécia, Sr. Deputado, perdeu cerca de 16 pontos

percentuais da sua riqueza…

O Sr. João Oliveira (PCP): — E nós temos de nos dar por satisfeitos?!

O Sr. Primeiro-Ministro: — Quer dizer, aqueles com quem nos podemos comparar, que tiveram de fazer

programas parecidos com o nosso, perderam muito mais de riqueza e destruíram muito mais Produto do que

nós…

O Sr. João Oliveira (PCP): — E nós temos de nos dar por satisfeitos?!

O Sr. Primeiro-Ministro: — … e o senhor vê nisso uma oportunidade para castigar o Governo e não para

dizer que o caminho que foi prosseguido foi melhor do que o seguido noutros países. O Sr. Deputado podia

dizer isso também, não é verdade?

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

Por fim, Sr. Deputado, deixe-me dizer-lhe que quando cita Sophia de Mello Breyner percebo que queira ter

uma grande preocupação. Há sempre uma certa preocupação em apropriarmo-nos daquilo que é de todos.

Mas não tente essa apropriação, Sr. Deputado. Fica-lhe mal, ainda para mais no dia em que será feita a

transladação de Sophia de Mello Breyner para o Panteão Nacional.

Vozes do PSD: — Muito bem!

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sophia de Mello Breyner não é, Sr. Deputado, contra este Governo nem a

favor do PCP. Deixe lá Sophia de Mello Breyner fora desta conversa!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Não foi isso que eu disse!

O Sr. Mota Andrade (PS): — Isso é de muito mau gosto!

O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas, Sr. Deputado, há uma coisa que quero garantir-lhe: é que os cortes na

cultura aconteceram como aconteceram em todas as áreas da governação. Em todas as áreas da governação!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Na do capital financeiro também?!

O Sr. Primeiro-Ministro: — E tiveram um propósito, Sr. Deputado: garantir que conseguiríamos atingir os

nossos objetivos de défice orçamental.

Quando o Sr. Deputado cita o Governador do Banco de Portugal, cita bem, pois o Governador do Banco de

Portugal lembrou quanto é que ainda há de défice para que o País chegue a um orçamento equilibrado. Mas o

Sr. Deputado, citando o Governador do Banco de Portugal, poderia dizer que não concorda com ele, porque o

Sr. Deputado acha que deve haver défice. O Sr. Deputado acha que o défice é virtuoso, mas, Sr. Deputado, o

défice trouxe o País ao endividamento e à ruína financeira!