3 DE SETEMBRO DE 2014
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Ora, não há nada que coloque em causa qualquer conta pública como o desemprego, e essa é a marca
deste Governo. Por isso, quando perguntarmos quem é que tornou insustentáveis as contas públicas, a
História dirá que só há uns responsáveis: o Governo, o CDS e o PSD,…
Vozes do BE: — Muito bem!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — … porque foram aqueles que aumentaram o desemprego para níveis
nunca antes existentes na democracia portuguesa.
Essas pessoas que não estão a produzir, que não têm capacidade de encontrar um trabalho — porque
uma economia lhes vira as costas, porque a política deste Governo lhes virou as costas —, sabem que, se
estivessem a trabalhar, conseguiam ter uma segurança social mais forte e conseguiam garantir também os
seus direitos, hoje e os futuros. São esses que sabem a crítica é à austeridade, essa sacrossanta escolha do
Governo, que, ao escolher a austeridade, governou contra as pessoas.
Por isso, e terminando, Sr. Presidente, hoje, estamos a celebrar uma vitória, em primeiro lugar, dos
pensionistas, porque vão ter acesso àquilo que é seu por direito, depois, uma vitória da Constituição, porque
vai ser cumprida, mas também uma vitória de um País que se levanta contra estas políticas e que não é
submisso, nem ao Governo, nem à maioria, nem aos mercados para quem este Governo tem governado.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Alberto
Martins.
O Sr. Alberto Martins (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Discute-
se, hoje, o último de uma longa série de lamentáveis episódios de desrespeito à Constituição, ao Tribunal
Constitucional e aos pensionistas, por parte deste Governo e desta maioria.
No acórdão referente ao Orçamento do Estado para 2014, quando apreciou a constitucionalidade do
alargamento da contribuição extraordinária de solidariedade (CES), o Tribunal Constitucional deixou
claramente estabelecido, não apenas as condições em que permitia, excecionalmente, a subsistência da CES
em 2014, mas também os requisitos e as condições em que admitiria eventuais novos cortes no valor nominal
das pensões já em pagamento, evitando, desde logo, que os beneficiários do sistema previdencial
suportassem contributos adicionais.
Portanto Sr.as
e Srs. Deputados, nenhum Governo minimamente respeitador da Constituição e do Tribunal
Constitucional ousaria, meses depois — como fez este —, propor novo corte nas pensões sem garantir o
preenchimento pleno e inequívoco das condições expostas, propostas e referidas pelo Tribunal Constitucional.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Alberto Martins (PS): — No entanto, como tem demonstrado exuberantemente ao longo dos últimos
anos, este Governo e esta maioria olham para os acórdãos do Tribunal Constitucional não para seguirem as
orientações estabelecidas mas, única e exclusivamente, com o fim de denegar e denegrir a jurisprudência do
Tribunal Constitucional e desqualificar os seus juízes. E foi assim que a dita contribuição de sustentabilidade
falhou, ostensivamente, todas os indicadores constantes do acórdão do Tribunal Constitucional.
O Tribunal Constitucional deixou claro, e é bom frisá-lo, em primeiro lugar, que só admitia excecionalmente
a CES por ser uma medida extraordinária e temporária. Pois o Governo aquilo que propõe e propôs, em
alternativa, foi um corte definitivo, permanente.
O Tribunal Constitucional frisou, ainda, que qualquer novo corte no valor nominal das pensões só seria de
considerar se estivesse integrado numa reforma global, estrutural, completa do regime das pensões.
Vozes do PS: — Exatamente!